segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Elias




 Introdução

Elias foi um dos mais destacados servos de Deus mencionados no Velho Testamento. Ele testificou de Deus no meio da idolatria, enfrentando o rei de Israel, sua ímpia rainha, Jezabel, e os 450 profetas de Baal (1Rs 18); ele orou a Deus, e não choveu naquela terra por três anos e seis meses. Contudo, “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos” (Tg 5.17). Este homem simples, sem origem definida, aparece na história do povo escolhido e deixa marcas indeléveis na história Bíblica. Foi o grande profeta levantado por Deus no reino de Israel (o reino do norte, o reino das dez tribos), num momento de grave crise espiritual. Ele confiou, não em si mesmo, mas na força do Senhor (1Rs 18.46), e viu o cuidado do Senhor durante o seu ministério. Em três ocasiões diferentes, o Senhor providenciou alimento de forma milagrosa para Elias, alimento indispensável para que ele pudesse continuar testemunhando do Senhor: junto ao ribeiro de Querite (1Rs 17.5,6), na casa da viúva de Sarepta (17.9) e no deserto (19.4-7). A vida de Elias ensina-nos que a determinação, isto é, a disposição firme de servir a Deus e cumprir o seu ministério é qualidade indispensável para alcançarmos a vitória espiritual. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. A IDENTIDADE DE ELIAS

1. Sua terra e sua gente. Elias é daquelas personagens da Bíblia de que nada ou quase nada sabemos antes do início do seu ministério. Elias surge nas páginas sagradas em I Rs.17:1 e de forma repentina, sem qualquer explicação, nem mesmo da sua genealogia, como é costumeiro fazer-se quando se trata, pelo menos, de personagens da história de Israel. É apresentado apenas como “Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade”. Seu nome, que, em hebraico é ‘Eliáhu” (“Elias” é a forma grega do nome), significa “YAH é Deus” [YAH (JÁ) é uma forma abreviada do nome divini YAHWEH (JAVÉ), traduzido em português como “SENHOR”. O nome de Elias corresponde ao tema do seu ministério: “o Senhor é Deus e não existe outro” e sintetiza de forma sublime, todo o seu ministério profético: demonstrar ao povo do reino de Israel que o seu Deus é YAHWEH, o mesmo “Eu sou o que sou” que havia Se revelado a Moisés no monte Horebe. Além do local de origem, sobre Elias é revelado apenas que se tratava de um judeu que tinha um modo característico de trajar-se, diferente do modo usual dos judeus de seu tempo, tanto que bastava a descrição desta vestimenta para identificá-lo: “…um homem vestido de pêlos e com os lombos cingidos de um cinto de couro…” (2Rs 1.8). Isto nos dá a entender que Elias deveria ter uma vida mais ou menos retirada da comunidade, uma espécie de “eremita” no deserto, o que, aliás, inspirou algumas ordens religiosas cristãs, notadamente a ordem dos “carmelitas”, que se inspiraram em Elias para construir a sua vida monástica.
2. Sua fé e seu Deus. O próprio nome Elias, que significa "YAHWEH é Deus" ou "YAHWEH é meu Deus", já expressa seu caráter e sua função na história bíblica. O nome Elias corresponde à missão do profeta e à sua mensagem. E como a consideração disso deve tê-lo encorajado! Podemos também juntar ao seu extraordinário nome o fato de que o Espírito Santo designou Elias como “o tesbita”, o que muito significativamente quer dizer aquele que é estrangeiro aqui. Também temos de perceber um detalhe adicional que ele era “dos habitantes de Gileade”, cujo nome significa Rochoso — por causa das características montanhosas daquele país. É sempre alguém assim que Deus levanta e usa numa hora crítica: um homem que seja totalmente dEle, separado da perversidade religiosa do seu tempo, e que habita lá no alto; um homem que, no meio de terrível decadência, sustenta no coração o testemunho de Deus. Ele foi um campeão do monoteísmo de YAHWEH. É ele quem mantém a fé em YAHWEH entre o povo e quem luta com vigor pelos Seus direitos. Sua árdua luta contra todo sincretismo religioso faz deste profeta, que "surgiu como fogo e cuja palavra queimava como uma tocha", uma figura de primeira linha na sucessão das duas Alianças. Enquanto o livro apócrifo do Eclesiástico (48.1-11) canta suas glórias, os livros dos Reis nos contam sua vida de forma ampla. Nesta narração distinguem-se dois ciclos: "o ciclo de Elias" (1Rs 17 - 2Rs 1,18), que se centra na atividade do profeta, e o "ciclo de Eliseu" (2Rs 2-13), que começa com o arrebatamento de Elias, momento em que Eliseu o sucede. “Então, Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Tão certo como vive o SENHOR, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra” (1 Reis 17.1). Deus, triunfantemente, agora levanta uma poderosa testemunha para Si mesmo. Elias nos é aqui apresentado da forma mais abrupta. Nãohá registro da sua parentela nem de como ele vivia. Não sabemos nem a que tribo ele pertencia, apesar de que o fato de que ele era “dos habitantes de Gileade” indique provavelmente que ele pertencia ou a Gade ou a Manassés, porque Gileade se encontrava entre essas duas tribos.“Gileade se situa ao leste do Jordão: era região deserta e rude; suas colinas estavam cobertas de florestas desordenadas; seus terríveis lugares ermos somente eram interrompidos pelo súbito aparecimento dos riachos das montanhas; seus vales costumavam ser frequentados por ferozes feras selvagens”. “Tenho sido zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos” (1 Reis 19.10). Essas palavras não podem significar menos do que isto: ele tinha profundo amor e preocupação com a glória de Deus, e a glória do Seu nome significava para ele mais do que qualquer outra coisa. Em consequência, ele deveria estar sofrendo profundamente e cheio de santa indignação à medida que ficou sabendo mais e mais das terríveis características e da extensão da deserção de Israel de Jeová.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Elias era oriundo de Tisbe, lugarejo a leste do Rio Jordão. Seu nome significa “YAHWEH é o meu Deus”. 

II. O MINISTÉRIO PROFÉTICO DE ELIAS

1. Sua vocação e chamada. Num curto espaço de tempo desapareceu qualquer vestígio da terra de Israel da correta adoração de YAHWEH e uma grosseira idolatria se tornou desenfreada. Adoravam-se os bezerros de ouro em Dã e em Betel, erigiu-se um templo a Baal em Samaria, os “postes-ídolos” de Baal apareceram por todo lado, e os sacerdotes de Baal passaram a dominar a vida religiosa de Israel. Declarava-se abertamente que Baal vivia e que YAHWEH já não existia. É possível perceber o estado revoltante que se havia instalado nesta declaração: “Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (1Rs 16.33). Desacato ao Senhor Deus e perversidade grosseira chegaram ao seu ponto culminante. Isso fica mais evidente do seguinte texto: “Em seus dias, Hiel, o betelita, edificou a Jericó” (v. 34). Isso foi uma terrível insolência, porque no passado já tinha sido escrito: “Naquele tempo, Josué fez o povo jurar e dizer: Maldito diante do SENHOR seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito lhe porá os fundamentos e, à custa do mais novo, as portas” (Js 6.26). A reconstrução da amaldiçoada Jericó era uma visível provocação à Deus. Ora, foi em meio a essa escuridão espiritual e degradação que se apresenta no palco da ação pública, com brusca dramaticidade, uma solitária, mas impressionante testemunha do Deus vivo. Um famoso comentarista iniciou as suas observações a respeito de 1 Reis 17 dizendo o seguinte: “O mais ilustre profeta, Elias, foi levantado no reino do mais perverso dos reis de Israel”. Esse é um breve mas exato resumo da situação de Israel naquele tempo: não apenas isso, mas isso fornece a chave para tudo o que se segue. É de fato lamentável contemplar as terríveis condições que prevaleciam. Havia-se extinguido toda e qualquer luz, havia-se silenciado toda e qualquer voz de testemunho da parte de Deus. A morte espiritual havia-se espalhado sobre tudo, e parecia que Satanás tinha de fato conseguido dominar a situação.
2. A natureza do seu ministério. Provavelmente, a questão que mais atormentava Elias era a seguinte: “Como é que eu devo agir?” O que é que ele, um rude e inculto filho do deserto, poderia fazer? Quanto mais pensava nisso, mais difícil deve ter parecido a situação; e sem dúvida Satanás deve ter soprado em seu ouvido: “Você não pode fazer nada; a situação não tem solução”. Mas havia uma coisa que ele podia fazer: entregar-se àquele grande recurso reservado a todas as almas profundamente atormentadas — ele podia orar. E ele o fez: conforme Tg 5.17 nos informa, ele orou “com instância”. Ele orou porque estava persuadido de que o Senhor Deus vivia e governava todas as coisas. Ele orou porque reconheceu que Deus é todo-poderoso e que com Ele todas as coisas são possíveis. Ele orou porque sentiu sua própria fraqueza e insuficiência e por isso voltou-se Àquele que é revestido de poder e é infinitamente autossuficiente. Mas, para ser eficiente, a oração tem de firmar-se na Palavra de Deus, visto que sem fé é impossível agradar a Deus, e a fé “é (vem) pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”(Rm 10.17). Ora, havia uma passagem específica nos livros das Escrituras daquela época que parece ter chamado a atenção de Elias: “Guardai-vos não suceda que o vosso coração se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos prostreis perante eles; que a ira do SENHOR se acenda contra vós outros, e feche ele os céus, e não haja chuva, e a terra não dê a sua messe” (Dt 11.16,17). Era exatamente esse o crime do qual Israel era agora culpado: eles tinham se desviado para adorar deuses falsos. Suponhamos, então, que Deus não executasse esse juízo ameaçador — não pareceria de fato que Jeová não passava de um mito, uma tradição morta? E Elias era “em extremo zeloso pelo Senhor dos Exércitos”, e somos informados que ele “orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra” (Tg 5.17). Por meio disso, aprendemos mais uma vez o que é a verdadeira oração: é a fé que se agarra à Palavra de Deus, alegando-a diante dEle, e dizendo: “faze como falaste” (2Sm 7.25).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A inspiração e a autoridade encontradas em Elias denotam a natureza divina do seu ministério.

III. ELIAS E A MONARQUIA

1. Buscando a justiça. Elias surgiu no palco da ação pública durante uma das horas mais escuras da triste história de Israel. Ele nos é apresentado no início de 1 Reis 17, e temos apenas de ler os capítulos anteriores para descobrir o estado deplorável em que se encontrava o povo de Deus. Nunca antes essa nação favorecida tinha se afundado tanto. Haviam-se passado cinquenta e oito anos desde que o reino tinha sido dividido em dois após a morte de Salomão. Durante esse breve período, não menos de sete reis haviam reinado sobre as dez tribos, e todos eles, sem exceção, foram homens perversos. É de fato doloroso traçar o triste curso que seguiram, e ainda mais trágico observar como se tem repetido o mesmo fato na história da cristandade.
2. A restauração do culto. O profeta possuía um nome admirável, rico em significado. Elias pode ser traduzido como “Deus é Jeová” ou “Jeová é meu Deus”. A nação apóstata havia adotado Baal como a sua divindade, mas o nome do nosso profeta proclamava o verdadeiro Deus de Israel. A julgar pela analogia das Escrituras, podemos concluir com segurança que esse nome havia sido dado a ele por seus pais, provavelmente sob impulso profético ou em consequência de orientação divina. No texto de 1Rs 18.31, ficamos sabendo que Elias “tomou doze pedras, segundo o número das tribos dos filhos de Jacó”, isso enfatizou a unidade do povo de Israel, apesar da divisão do reino em dois. Dessa forma, salientou que o fato ocorrido no monte Carmelo não era relevante somente para as tribos do Norte, mas para as tribos do Sul, por semelhante modo (Êx 20.25; 24.4; Js 4). Elias não era uma pessoa que havia se misturado com as estruturas religiosas desvirtuadas e contaminadas do reino de Israel. Nos dias de Elias, vivia Israel uma situação espiritual extremamente difícil. O rei era Acabe, filho de Onri, o fundador da terceira dinastia (família real) do reino de Israel, o reino do norte, o reino das dez tribos que haviam se separado de Roboão, neto de Davi (cf. I Rs.12:16-25). Esta terceira família reinante não se apartou do pecado de Jeroboão, o primeiro rei de Israel (reino do norte), que havia criado um culto próprio, fazendo sacerdotes dos mais baixos entre o povo, e levando o povo a adorar dois bezerros de ouro, um situado em Dã e outro em Betel (cf. I Rs.12:26-33), tendo, além disso, Acabe se casado com Jezabel, filha do rei de Sidom, que, ao se mudar para Israel, trouxe com ela o culto a Baal, o deus da fertilidade dos fenícios, criando, assim, um culto rival ao culto a Deus. Servir a Deus nestas circunstâncias não era nada fácil, pois, ou se adotava o culto oficial do reino, criado no tempo de Jeroboão, idolátrico e totalmente desvirtuado das prescrições da lei de Moisés ou, então, se aderia ao culto a Baal, trazido por Jezabel e que alcançou grande popularidade. Isto explica o distanciamento físico não só de Elias mas também dos filhos dos profetas, que não tinham espaço para, com liberdade, servir a Deus em meio a estruturas sociais altamente desfavoráveis a quem buscasse a presença do Senhor.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Elias denunciou que a casa real havia derrubado o altar de adoração ao Senhor.


IV. ELIAS E A LITERATURA BÍBLICA

1. No Antigo Testamento. Elias foi o principal profeta de YAHWEH quando Acabe e Jezabel estavam promovendo a adoração a Baal em Israel. Elias surge nas páginas sagradas em I Rs.17:1 e de forma repentina, sem qualquer explicação, nem mesmo da sua genealogia, como é costumeiro fazer-se quando se trata, pelo menos, de personagens da história de Israel. Flávio Josefo também fez menção a Elias em suas Antiguidades Judaicas: “Havia agora um profeta do Deus Misericordioso, de Tisbe, uma cidade de Gileade, que veio a Acabe…” (JOSEFO, Antiguidades Judaicas 8:319. Disponível em: http://www.perseus.tufts.edu/cgi-bin/ptext?doc=Perseus%3Atext%3A1999.01.0146;query=whiston%20chapter%3D%23115;layout=;loc=8.363 Acesso em: 31 maio 2007) (tradução nossa de texto em inglês).
2. No novo Testamento. No oriente próximo, era prática comum enviar mensageiros que precedessem um rei visitante com o objetivo de anunciar a sua vinda e de remover quaisquer dificuldades ou obstáculos. No Novo Testamento, Elias é apontado como o último desta categoria a aparecer antes da vinda do Senhor, que é o “Anjo da Aliança”. A missão desse mensageiro é trazer o arrependimento antes do dia do Senhor. O Novo Testamento indica este “Elias” como João Batista (Mt 11.14; 17.10; Mc 9.11-13; Lc 1.17).

SINOPSE DO TÓPICO (IV)
Com Elias, o Antigo Testamento destaca o desenvolvimento da tradição profética no regime monárquico.


CONCLUSÃO

Não podemos desfalecer, apesar das dificuldades dos nossos dias, esta é a grande lição que nos legou o profeta Elias. O pecado aumenta e de forma institucionalizada, amparado por leis esdrúxulas, por isso, tem de aumentar a denúncia contra o pecado. Ainda que haja trevas, ainda que muitos se envergonhem do Evangelho e da Palavra de Deus, devemos repetir aquela palavras ditas pelo profeta Miquéias: “Mas, decerto, eu sou cheio da força do Espírito do SENHOR e cheio de juízo e de ânimo, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado” (Mq 3.8). Combatamos o bom combate até que acabemos a nossa carreira. N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),
Campina Grande, PB
Janeiro de 2013,
Francisco de Assis Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine, prompte et sincere.


EXERCÍCIOS
1. Qual o significado do nome Elias?
R. YAHWEH (JAVÉ) é Deus.
2. Que fatos autenticam o ministério profético de Elias?
R. A inspiração e a autoridade espiritual.
3. Descreva a atuação de Elias durante a monarquia na qual viveu.
R. Elias combateu a injustiça e buscou a restauração do culto.
4. Que fatos podem ser destacados sobre o ministério de Elias no Antigo Testamento?
R. Elias possuía um ministério de cunho social, profético e escatológico..
5. Cite pelo menos três referencias bíblicas sobre Elias no Novo Testamento.
R. Mateus 16.14; Marcos 6.15 e Lucas 1.17.

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

TEXTOS UTILIZADOS:
-. Lições Bíblicas do 2º Trimestre de 2012, Jovens e Adultos, As Sete Cartas do Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja; Comentarista: Claudionor de Andrade; CPAD;
- Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

OBRAS CONSULTADAS:

http://pt.scribd.com/doc/21991078/A-Vida-de-Elias-capitulos-1-a-8-A-W-Pink
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Palavra Chave Hebraico e Grego, - 2ª Ed.; 2ª reimpr. Rio de Janeiro: CPAD, 2011;
-. HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
-. SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
-. ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.


Francisco de Assis Barbosa

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O CHORO PODE DURAR UMA NOITE MAS ALEGRIA VEM AL AMANHECER




Referência: Mateus 5.4

INTRODUÇÃO

1. Esta bem-aventurança contém o maior paradoxo do Cristianismo. Poderíamos traduzir: “Felizes os infelizes”. Que espécie de tristeza é esta que pode produzir a maior felicidade?

2. A palavra usada por Jesus para chorar (panthoutes) significa lamentar, prantear pelo morto. Entristecer-se com uma profunda tristeza que toma conta de todo ser de tal maneira que não pode se ocultar (Trench).

3. A palavra chorar segundo William Barclay é o termo mais forte da língua grega para denotar dor e sofrimento. É a palavra que se usa para descrever a morte de um ser querido. Na LXX é a palavra que descreve o lamento de Jacó quando creu que José, seu filho estava morto (Gn 37:34). Não se trata apenas da dor que faz doer o coração, mas da dor que faz nos chorar.

4. Nem todos os que choram são felizes e nem todos os que choram serão consolados. Então, de que tipo de choro Jesus está falando? Choramos por várias razões: choramos pelo luto, choramos de dor física, choramos pela decepção, pelo desespero, pela desesperança, pela saudade, pela compaixão, pela solidão, pela depressão, por amor. Mas de que tipo de choro Jesus está tratando nessa bem-aventurança?

5. Jesus está tratando de duas coisas: 1) Uma declaração: Felizes são os que choram. 2) Uma promessa: esses serão consolados.

I. O QUE ESSE CHORO NÃO SIGNIFICA?

1. Não é o choro carnal

O choro carnal é aquele que uma pessoa lamenta a perda de coisas exteriores e não a perda da pureza. A tristeza do mundo produz morte (2 Co 7:10). Amnom chorou de tristeza até possuir sua própria irmã, para depois desprezá-la (2 Sm 13:2). Acabe chorou por não ter a vinha de Nabote, a qual cobiçava (1 Rs 21:4). Faraó chorou por ter feito o bem, por ter libertado o povo. Ele arrependeu-se de seu arrependimento (Ex 14:15).

2. Não é o choro do remorço e do desespero

Esse foi o choro de Judas. Ele viu seu pecado, ele se entristeceu. Ele confessou seu pecado, ele justificou Cristo, dizendo que ele era inocente. Ele fez restituição. Mas Judas está no inferno e parece ter feito muito mais que muitos fazem hoje. Ele confessou seu pecado. Ele fez restituição. Sua consciência o acusou de ter adquirido aquele dinheiro de forma vil. Mas Judas chorou pelo pecado, mas não foram lágrimas de arrependimento, senão de remorço.

3. Não é o choro do medo das consequências do pecado

Quando Caim matou seu irmão Abel, Deus o confrontou. Ele, então disse,”é tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo” (Gn 4:13). Seu castigo afligiu-o mais do que o seu pecado. Chorar apenas pelo medo do castigo, apenas pelo medo do inferno é como o ladrão que chora porque foi apanhado e não pela sua ofensa. As lágrimas do ímpio são forçadas pelo fogo da aflição e não do arrependimento.

4. Não é o choro apenas externo e teatral

Jesus diz que os fariseus “mostram-se contristados e desfiguram a face com o fim de parecer aos homens que jejuam” (Mt 6:16). Os olhos estão molhados, mas o coração está seco. Os olhos estão umedecidos, mas o coração endurecido. Quando Acabe soube do juízo de Deus sobre ele e seu reino rasgou as vestes e vestiu-se com com pano de saco (1 Rs 21:27). Suas vestes estavam rasgadas, mas não seu coração. Ele vestia-se de pano de saco, mas não havia choro pelo pecado.

II. O QUE ESSE CHORO SIGNIFICA

1. Deve ser um choro espontâneo

A mulher pecadora de Lucas 7 revelou um arrependimento espontâneo e voluntário. Ela lavou os pés de Jesus com suas lágrimas. Ela veio com unguento em suas mãos, amor em seu coração e lágrimas em seus olhos.

2. Deve ser um choro espiritual

É o choro pelo pecado e não apenas pelas consequências do pecado. Faraó pediu para tirar as pragas, mas jamais desejou tirar as pragas do seu coração. Quando Deus confrontou Davi ele arrependeu-se do pecado e chorou pelo pecado, mais do que pelas consequências do seu pecado. Ele disse: “O meu pecado está sempre diante de mim”. Ele não disse: a espada está sempre diante de mim, o castigo está sempre diante de mim. A ofensa contra Deus feriu-o mais do que o juízo de Deus sobre o seu pecado.

a) Devemos chorar pelo pecado porque ele é um ato de hostilidade e inimizade contra Deus – O pecado ofende e resiste o Espírito Santo (At 7:51). O pecado é contrário à natureza de Deus. Deus é santo e o pecado é uma coisa imunda. O pecado é contrário à vontade de Deus. A palavra hebraica para pecado significa rebelião. O pecado luta contra Deus (At 5:39).

b) Devemos chorar pelo pecado porque ele é um ato de consumada ingratidão contra Deus – Deus enviou-nos seu Filho para redimir-nos do pecado e seu Espírito para confortar-nos. Nós pecamos contra o sangue de Cristo, a graça do Espírito e não deveríamos chorar? O pecado contra o amor de Deus é pior do que o pecado dos demônios, porque a eles jamais foi oferecido a graça. Mas nós caímos e nos foi oferecida graça e ainda pecamos contra ela? Pecamos contra aquele que morreu por nós? Pecamos contra aquele que habita em nós?

c) Devemos chorar pelo pecado porque ele nos priva das coisas excelentes – O pecado nos priva do maior bem, a comunhão com Deus (Is 59:2). Quando pecamos não apenas a paz vai embora, mas Deus também vai embora. Não há comunhão entre trevas e luz. Quando choramos pelo pecado, ansiamos não apenas a volta das bênçãos, mas a volta de Deus (Ex 33). Devemos não apenas chorar, mas voltar-nos para Deus com choro (Jl 2:12). As lágrimas do arrependimento são como as águas do Jordão, elas nos purificam da nossa lepra. Devemos chorar não apenas para nos abster do pecado, mas para odiar o pecado.

3. Deve ser um choro pelo nosso próprio pecado

Feliz é aquele que chora pelo seu próprio pecado. O pecado nos faz pior da que uma serpente. A serpente não tem nada dentro dela senão o veneno que Deus mesmo pôs nela. O veneno é medicinal. Mas o pecador tem dentro de si o que o diabo pôs dentro dele. Pedro disse para Ananias: “Ananias, por que Satanás encheu o seu coração para você mentir ao Espírito Santo?” (At 5:3). Nós temos em nós todas as sementes daqueles pecados que condenam as pessoas ao inferno. Aquele que não chora pelos seus pecados perdeu completamente sua razão.

Será que Esdras errou quando orava fazendo confissão, “chorando prostrado diante da Casa de Deus?” (Ed 10:1). Será que Paulo errou ao gemer: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24). Há pouco choro pelo pecado em nós e entre nós. No dia 18/10/1740 David Brainerd escreveu em seu diário: “Em minhas devoções matinais minha alma desfez-se em lágrimas, e chorou amargamente por causa da minha extrema maldade e vileza.”

O choro pelo pecado deve ser um choro intenso. A palavra que Jesus usou é a mais intensa para o sofrimento. É a mesma palavra da dor do luto por quem amamos. Foi a palavra usada para o choro de Jacó por José. Pedro chorou amargamente depois de negar a Jesus. Esse deve ser o lamento pelo pecado dentro da igreja.

O que se opõe ao choro pelo pecado? Primeiro, é a dureza de coração ou coração de pedra (Ez 36:26). Um coração de pedra não pode se derreter em lágrimas. Esse coração é conhecido pela insensibilidade e pela inflexibilidade. A Bíblia nos exorta a não endurecermos o nosso coração (Hb 3:7,8). Hoje nós choramos pelos tempos difíceis, mas não pelos corações duros.

Muitos em vez de chorar pelo pecado, alegram-se nele – A Bíblia fala daqueles que se alegram de fazer o mal (Pv 2:14), daqueles que se deleitam na injustiça (2 Ts 2:12). Esses são piores do que os condenados que estão no inferno. Os ímpios que estão no inferno, não se deleitam mais no pecado. Ora se Cristo verteu o seu sangue pelo pecado, alegrar-nos-emos nele? O choro pelo pecado é o único caminho para nos livrarmos da ira vindoura.

4. Deve ser um choro pelo pecado dos outros

Davi chorou pelos pecados daqueles que desobedecem a Deus: “Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei”. Jeremias chorou a condição terrível de Jerusalém sendo destruída. Jesus chorou sobre a cidade impenitente de Jerusalém. Paulo disse: “Pois muitos andam entre nós…e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3:18).

Devemos chorar pelas blasfêmias da nação. Pela violação do pacto, pela profanação do nome de Deus, pela remoção dos marcos e dos absolutos. Devemos chorar pela escassez daqueles que choram. Devemos chorar pela frieza da igreja. Devemos chorar pela falta de choro pelo pecado na igreja. Devemos chorar por causa dos escândalos que afastam as pessoas de Deus e do evangelho.

III. QUAIS SÃO OS MOTIVOS PARA ESSE CHORO

1. O choro pelo pecado é o melhor uso das lágrimas

Se você chorar apenas por perdas de coisas materiais, você desperdiçará suas lágrimas. Isso é como chuva sobre a rocha, não tem benefício. Mas o choro do arrependimento é composto de lágrimas bem-aventuradas, de lágrimas que curam, que libertam.

2. O choro pelo pecado é uma evidência da graça de Deus

O choro pelo pecado é um sinal do novo nascimento. Assim como a criança chora ao nascer, aquele que nasce de novo também chora ao pecar. Um coração de pedra jamais se derrete em lágrimas de arrependimento. Só um coração de carne, é sensível à voz de Deus.

Aqueles que nascem do Espírito, que têm um coração quebrantado, têm também tristeza pelo pecado.

3. O choro pelo pecado é precioso

Quando a mulher pecadora lavou os pés de Jesus com suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos, podemos afirmar que suas lágrimas foram um unguento mais precioso do que o melhor perfume. Quando os nossos corações se quebram amolecidos pela graça, então, o perfume das nossas obras trescalam suavemente. A Bíblia diz que há alegria no céu por um pecador que se arrepende (Lc 15:7). As lágrimas clamam com eloquência pela misericórdia. Jacó orou e chorou e prevaleceu com Deus e com os homens (Os 12:4). As lágrimas derretem o próprio coração de Deus.

4. O choro pelo pecado produz alegria

O choro pelo pecado é o caminho da verdadeira alegria. Davi, o homem de lágrimas, foi também o mais doce cantor de Israel. “Minhas lágrimas foram o meu alimento” (Sl 42:3). As lágrimas do penitente são mais doces do que todas as alegrias mundanas. Quando Ana chorou diante de Deus, ela voltou para a sua casa com um brilho em seu rosto e com a vitória de Deus em sua vida.

5. O choro pelo pecado agora, previne o choro no inferno depois

O inferno é um lugar de choro e ranger de dentes (Mt 8:12). Mas, agora, Deus recolhe as nossas lágrimas no seu odre (Sl 56:8). Agora Jesus diz: “Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar” (Lc 6:25). Agora as lágrimas são bem-aventuradas lágrimas. Agora é o tempo certo de chorar pelo pecado. Agora o choro é como chuva da primavera. Mas se não chorarmos agora, iremos chorar tarde demais!

É melhor derramar lágrimas de arrependimento do que lágrimas de desespero. Aquele que chora agora é bem-aventurado. Aquele que chora no inferno é amaldiçoado. Aquele que destampa as feridas da alma e chora pelo pecado livra a alma da morte eterna.

O choro pelo pecado pavimenta a estrada para a Nova Jerusalém. Para entrar no céu não basta ir à igreja, dar esmolas, fazer caridade. O único caminho é você chorar pelos seus pecados e receber a consolação da graça em Cristo. Jesus disse: “Se porém não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”. Só um remédio que a cura a doença mortal da alma, o verdadeiro arrependimento.

6. O choro pelo pecado é temporal e finito

Depois de um tempo de choro, haverá um perpétuo consolo. No céu o odre de Deus contendo as nossa lágrimas será completamente esvaziado. Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima (Ap 7:17;21:4). Quando o pecado cessar, as lágrimas também cessarão. “O choro pode durar a noite inteira, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30:5).

IV. QUAIS SÃO OS OBSTÁCULOS PARA ESSE CHORO

1. O amor ao pecado

O amor ao pecado faz o pecado saboroso e torna o coração endurecido. Jerônimo disse que amar o pecado é pior do que praticar o pecado. Uma pessoa pode ser surpreendido na prática do pecado inadvertidamente (Gl 6:1). Como você pode entristecer-se pelo pecado, se você ama o pecado? Tenha cuidado com a doçura do veneno. O amor ao pecado mantém você longe da graça.

O pecado é maligníssimo. Há a semente da morte e do inferno em todo pecado. O salário do pecado é a morte. Amar o pecado é amar a morte e o inferno.

2. O desespero pelo pecado

O desespero afronta a Deus, subestima o sangue de Cristo, rejeita a graça e destrói a alma. O desespero diz para você: Não tem mais jeito, não tem mais saída, não tem mais esperança. O desespero é fruto do seu coração enganoso e da mentira do diabo. O desespero apresenta Deus para a alma como um juiz carrasco. O desespero de Judas foi pior do que o seu pecado de traição. O desespero fecha a porta da misericórdia e destrói o arrependimento, o único fundamento da misericórdia. A Bíblia diz que é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento (Rm 2:4).

3. A presunção da misericórdia

Muitos não choram pelo pecado agora, porque estão falsamente confiando na misericórdia de Deus no dia do juízo. É um profundo engano você repousar na misericórdia de Deus enquanto anda nos seus pecados. A Bíblia diz: “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55:7).

Muitos pensam que Deus esqueceu e perguntam: “Onde está o Deus do juízo?” (2 Pe 3:9). Ah! Dia do juízo! Deus vai julgar suas palavras, suas obras, sua omissão e seus pensamentos! Você vai querer fugir da ira de Deus! Você já pensou na possibilidade de Deus dizer para você: Basta! Chega! É só mais um pecado é será o seu fim! É um terrível perigo abusar da paciência de Deus.

Não há misericórdia sem abandono do pecado, e não há abandono do pecado sem choro pelo pecado.

4. A procrastinação no pecado

Jesus disse que aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus (Jo 3:36). Você acha cedo demais para deixar o pecado, mesmo estando sob a ira de Deus? Você acha cedo demais para chorar pelo pecado, mesmo estando sob a potestade de Satanás (At 26:18)? Você vai deixar para o fim, para o leito da enfermidade para chorar pelos seus pecados? Você não sabe que é a bondade de Deus que conduz você ao arrependimento? Você, porventura, já não ouviu Deus dizer: “Se hoje ouvirdes a minha voz, não endureçais o vosso coração”?

V. QUAL É O CONFORTO OFERECIDO AOS QUE CHORAM ESSE CHORO

1. O choro precede o conforto, assim como a limpeza da ferida precede a cura

Deus guarda o seu melhor vinho para o fim. O diabo faz o contrário. Ele mostra o melhor primeiro e guarda o pior para o fim. Primeiro ele mostra o vinho resplandecente no copo, depois o vinho morde como uma serpente (Pv 23:31,32). O diabo mostra o pecado como atrativo, colorido, gostoso, doce ao paladar, e só no fim a tragédia que ele provoca. O diabo mostrou a Judas o valor das 30 moedas de prata, o preço de um campo. Ele mostrou a isca, depois o fisgou com o anzol. Primeiro, ele mostra a coroa de ouro, depois mostra os dentes de leão (Ap 9:7,8).

Mas Deus depois mostra o pior primeiro. Primeiro ele prescreve o choro, mas depois ele promete: sereis consolados!

2. As lágrimas do arrependimento não são lágrimas perdidas, mas sementes do conforto

Aquele que sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo os seus feixes (Sl 126:5). Cristo tem o óleo da alegria para derramar sobre aqueles que choram. Cristo transforma o odre de lágrimas em vinho novo de alegria. O choro pelo pecado é a semente que produz a flor da eterna alegria.

O vale de lágrimas conduz-nos ao paraíso da alegria. Jesus disse: “A vossa tristeza se converterá em alegria” (Jo 16:20).

O conforto que Deus dá é fundamentado em profunda convicção (Jo 16:7,8). Ele é puro, doce, santo, abundante, glorioso. Pedro fala da alegria indizível e cheia de glória (1 Pe 1:8).

O conforto que Jesus promete é poderoso. A alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8:10). Esse conforto floresce até no meio da aflição. Os crentes de Tessalônica receberam a Palavra no meio de muita aflição, com alegria (1 Ts 1:6). Esse conforto faz você gloriar-se nas próprias tribulações (Rm 5:3). Esse é um conforto imortal.

3. Por que, então, alguns crentes ainda sentem a falta desse conforto?

a) Porque eles choram, mas não as lágrimas do arrependimento – Eles vão para as lágrimas, mas não para Cristo. As lágrimas não são o fundamento do nosso conforto, mas o caminho para ele. O choro não é meritório. Ele é o caminho para a alegria, não a causa da alegria. O verdadeiro conforto só pode vir de Cristo.

b) Porque eles se recusam a ser consolados – Há pessoas que se entregam à tristeza, ao lamento, à amargura e se recusam a ser consoladas (Sl 77:2).

c) Porque eles adiam o projeto da felicidade apenas para o futuro – O projeto de Deus não é fazer de você uma pessoa feliz apenas no céu, mas a caminho do céu. Você já é feliz agora. Você é feliz enquanto chora, porque chora. Embora sua alegria aqui ainda não esteja completa, ela já é genuína, verdadeira e real. Macarios fala da alegria de Deus, da alegria suprema, da felicidade absoluta.

4. A natureza do conforto que teremos no céu

A Bíblia diz que na presença de Deus há plenitude de alegria (Sl 16:11). Haverá um dia em que os salvos estarão vivendo no novo céu e na nova terra, onde da praça da cidade, corre o rio da vida, onde está o trono de Deus, onde Deus enxugará dos nossos olhos toda a lágrima.

A Bíblia descreve esse conforto dos salvos no céu como uma festa, a festa das bodas do Cordeiro, onde vamos descansar das nossas fadigas (Ap 14:13).

Como a Bíblia descreve essa festa?

1) O dono desta festa é Deus – Esta festa é a festa das bodas do Filho do Rei. Será uma festa magnificente, gloriosa.

2) Esta festa será incomparável em termos de alegria e provisão – O próprio Jesus levará sua noiva ao banquete. Quantas iguarias especiais teremos no novo céu e na terra. Todos os cardápios servidos nessa festa serão deliciosos. Não haverá falta de coisa alguma deliciosa nessa festa. Quem alimentar-se nessa festa nunca mais terá fome. Quem beber nessa festa nunca mais terá sede.

3) Esta festa será incomparável em termos da companhia dos convidados – Lá estarão os salvos, os anjos, os querubins, serafins. Cristo mesmo lá estará como dono da festa e como nosso anfitrião. Estaremos na incontável assembleia dos santos (Hb 12:22). Seremos uma só família, um só rebanho.

4) Esta festa será incomparável em termos de música – Será a festa do casamento do Noivo como a igreja. Os coros angelicais estarão apostos. As trombetas celestiais estarão afinadas. Um coro cósmico levantará sua voz em exaltação a Deus e ao Cordeiro (Ap 5:12-13). Uma gloriosa música encherá os céus e a terra (Ap 15:2-3).

5) Esta festa será incomparável em termos do lugar onde será celebrada – Esta festa será no paraíso de Deus (Ap 2:7). A cidade santa cujo fundamento são pedras preciosas, cuja praça é de ouro, cujas portas são de pérola, cuja claridade procede do Cordeiro. Esta festa dar-se-á na Nova Jerusalém. A cidade mede 2.400 Km de largura por 2.400 Km de comprimento. É maior do que qualquer cidade do mundo. Ela tem espaço para todos os convidados para as bodas.

6) Esta festa será incomparável pela sua duração – Esta festa não terá fim. Ela nunca acabará. Aqueles que se assentarem nesse banquete nunca se levantarão da mesa. Teremos vestes brancas, coroas, nos assentaremos em tronos, reinaremos com o Rei da glória para sempre e sempre! Oh! bendito conforto para aqueles que agora choram pelos seus pecados.

CONCLUSÃO

As lágrimas do arrependimento têm rolado em sua face? Você se entristece por entristecer o Espírito Santo? Suas lágrimas são de revolta contra Deus ou de náusea pelo pecado?

Espero que você seja um dos que choram, porque a vontade de Deus é que você seja consolado.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

CULPA





  Introdução

Todos nós sofremos com a culpa. Alguns hoje, outros ontem e muitos amanhã. Desde a queda, o homem sofre com a culpa (Gn 3:8-12). Embora haja a culpa procedente, a maior parte das pessoas sofre de sentimento de culpa improcedente, ou seja, quando na realidade ela não fez nada, mas sente que fez e se sente culpada - como no caso de filhos que se culpam pela separação dos pais; pessoas que se sentem culpadas por terem deixado que adultos abusassem sexualmente delas, quando eram crianças; mulheres que se sentem culpadas por terem sofrido estupro, etc. Há muitas pessoas com esse problema. Entretanto, vamos nos deter na culpa gerada pelo próprio pecado. Esta lição está baseada e adaptada do livro: Aconselhamento Cristão, Gary Collins, Ed. Vida Nova, p.100 -110

I - Tipos de culpa

Segundo os especialistas em aconselhamento bíblico, existem dois tipos de culpa.
I. A culpa real. É a culpa que existe porque uma lei foi quebrada, independentemente de sentir-nos culpados ou não. Os tipos de culpa real são quatro.

A) Culpa legal. Quando uma lei é quebrada. Ex.: ultrapassar o sinal vermelho ou roubar um chocolate no supermercado. Perante a lei, aquele que assim proceder é culpado, independente de ser apanhado ou sentir remorso.

B) Culpa social. Quando quebramos uma lei não escrita, mas socialmente imposta. Ex.: fazer fofoca, fazer uma brincadeira de mau gosto ou comporta-se com grosseria. Nenhuma lei é quebrada e talvez não cause nenhum remorso, mas feriu o código ético social.

C) Culpa pessoal. Quando não fazemos o que é correto. Ex.: não devolver o troco que foi dado a mais, colar numa prova ou ignorar alguém necessitado. Sentimos ou não culpa, mas temos certeza que não foi correto o que fizemos.

D) Culpa bíblica. Quando uma lei de Deus é quebrada. A Bíblia chama essa condição de "pecado".

2. A culpa sentida

É o sentimento desconfortável, remorso ou vergonha que surge com frequência quando falamos, fazemos ou pensamos algo errado, ou deixamos de fazer o que entendemos ser o correto. Como resultados do sentimento de culpa surgem o desânimo, a ansiedade e o medo do castigo.

Quando o sentimento de culpa pelo pecado nos aflige, ele tem um propósito benéfico: serve de aviso de que alguma coisa está errada no nosso relacionamento com Deus ou com os outros.

II  - A Bíblia e a culpa
Na Bíblia, encontramos pouca diferença entre ser culpado e haver pecado. A pessoa é culpada, no sentido bíblico, quando desobedece a uma lei ou a um princípio da Palavra de Deus. O propósito é espiritual, pois visa estimular o ser humano a mudar de comportamento e buscar o perdão de Deus, além de ajudar a resolver conflitos com outras pessoas. Por outro lado, existe um falso sentimento de culpa (complexo de culpa), quando a pessoa coloca sobre ela pesos e cobranças que o próprio Deus não faz.



I. Complexo de culpa versus tristeza construtiva (2Co 7:6-10)
Nessa passagem, Paulo contrasta a "tristeza segundo o mundo" com a "tristeza segundo a vontade de Deus", que é uma tristeza construtiva, pois leva a uma mudança positiva.
Tristeza segundo Deus: tristeza construtiva (v.  10a) - produz arrependimento para salvação.
Tristeza segundo o mundo: (v. 10a) - produz morte.




Complexo de Culpa
Tristeza Construtiva
Pessoa focalizada
Você
Deus e outros
Atitude Focalizada
Erros do passado
Prejuízo causados a outros e vontade de realizar obras corretas no futuro.
Motivação para a mudança
Evitar sentimentos negativos (complexo de culpa)
Ajudar outros. Promover o próprio crescimento. Fazer a vontade de Deus.
Reação
Ira,frustração e autocritica
Amor respeito combinados com preocupação
Resultado
  • Mudança externa ( Temporária )
    • Falta de crescimento
    • Mais Culpa
Arrependimento e mudança baseados numa atitude de amor e respeito mútuos
    2. Um exemplo
    Imagine que você vai ouvir música com um amigo e, acidentalmente você liga o aparelho dele na voltagem errada. O complexo de culpa nos leva a ter a seguinte reação: "Me desculpe. Veja como sou desastrado. Que situação horrível!". O ofensor se sente tolo e cheio de auto-crítica. Mas, a tristeza construtiva leva a pessoa a ter outra reação: "Sinto muito. Vou buscar o meu aparelho de som e deixarei com você enquanto o seu estiver no conserto". A tristeza construtiva visa reparar o dano causado ou erro cometido, sem levar a pessoa a ter uma sensação de que o mundo acabou.

    III -  As causas da culpa
    1. Causas legítimas
    A) Desobediência à Palavra. A Bíblia é o padrão para identificar a culpa (Rm 2: 1-2).
    B) Pecados não confessados fazem com que o crente se sinta culpado e não perdoado (I Jo 1:9).
    C) Conflitos não resolvidos. Quando negamos conceder perdão ou pedir perdão (Mt 6: 14-15).
    D) Satanás. Causa sentimentos de culpa através da acusação (Ap 12: I O).

    2. Causas não-legítimas
    A) Peso de consciência. A consciência não é um guia de confiança (I Co 10:29; ITm 4:2; IJo 3:20).
    B) Desejo de agradar a todos. A pessoa sente culpa por ter que contrariar alguém ou por dizer "não".
    C) Perfeccionismo. Muitas vezes o crente estabelece um padrão moral ou espiritual de vida que nem o próprio Deus exige dele (Dt 10: 12:13 - em lugar de Israel, coloque o seu nome).
    A) Engano ministrado por falsos mestres (At 20:29-30).
    3. Perguntas para discernir o falso sentimento de culpa
    b) Sinto peso de culpa porque desobedeci algum princípio bíblico?
    c) Continuo sentindo peso de culpa, mesmo depois de ter confessado meu pecado?
    d) O sentimento se relaciona a um padrão perfeccionista que estabeleci para mim mesmo?
    e) O sentimento vem porque tenho medo de ser frio e não me sentir culpado de nada?
    "Carregar falsos sentimentos de culpa é pior do que carregar os verdadeiros" (Autor Desconhecido).

    III – Efeito da Culpa
    O ser humano reage de diversas formas ao sentir-se culpado por algo que fez ou deixou de fazer.
    I. Reação de defesa
    O indivíduo culpa os outros para justificar seus atos, fica zangado e nega sua responsabilidade.
    2. Reação de auto condenação Ansiedade, baixa estima, pessimismo, insegurança e autopunição.
    3. Reação social
    Afasta as pessoas e se afasta delas. Torna-se crítico demais e isolado.
    4. Reação física
    Por causa da tensão, o corpo sofre e enfraquece.
    5. Reação de arrependimento e perdão Os efeitos da culpa não são todos negativos. Alguns aprendem a se conscientizar de seus erros, a melhorar através deles, a confessar-se a Deus e aos outros, e alegrar-se na segurança de que "se confessamos nossos pecados, ele é fiel e usto para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I Jo I :9).
    'I - Como tratar a culpa (SI 32)
    o Salmo 32 é um bálsamo para aquele que busca o perdão de Deus. Veja o que nos ensina.
    I. A culpa é uma doença moral, por isso o tratamento é espiritual (SI 32: 1-2)
    Nesse Salmo, Davi nos ensina que a culpa surge por causa de fracassos morais não-confessados e não perdoados. Em outras palavras, a culpa é uma doença moral capaz de afetar a mente, a alma e o corpo do ser humano. O primeiro ser humano a senti-Ia foi Adão, e desde então seus descendentes sofrem física e emocionalmente as conseqüências de seu erro. Mas essa doença tem cura. Deus Se compromete, em Cristo, a apagar os pecados confessados usando o perdão e a justificação. E o resultado do tratamento é a alegria verdadeira (bem-aventurado). Vejamos o caso apresentado em João 8:3-11, no qual uma mulher foi apanhada em adultério. Ela era culpada e se sentia dessa forma, mas Jesus não era como os demais que queriam condená-Ia. Ele não aprovou seu pecado nem abaixou os padrões de Deus, mas ordenou­lhe com bondade e firmeza "vai e não peques mais". Mesmo nessas condições, Deus não nos rejeita.
    2. Arrependimento e confissão é o segredo do perdão (SI 32:3-4)
    Davi sofreu as consequências do pecado não confessado. Da mesma forma, muitos crentes experimentam sentimentos de culpa pouco saudáveis, que levam à depressão, perda da paz, medo, complexo de inferioridade, solidão, e um sentimento de rejeição não-verdadeiro por parte de Deus.
    3. Deus não espera de nós perfeição, mas disposição (SI 32:5-7)
    Deus espera de nós uma tentativa sincera de fazer a Sua vontade da melhor maneira que pudermos. Deus não está tão interessado no que fazemos ou deixamos de fazer, mas em quem realmente somos e em que estamos nos tornando. Aquele que é compassivo, também ama incondicionalmente e perdoará nossos pecados sem exigir de nós expiação ou penitência, pois a expiação e a penitência não são mais necessárias, porque Cristo já pagou pelos pecados humanos, " ... uma única vez, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus ... " (I Pe 3: 18).
    'I J - Prevenir
    é melhor que culpar-se
    Há determinadas atitudes que devemos tomar ante o sentimento ou o complexo de culpa com as quais beneficiaremos a nós mesmos e ao próximo.
    I. Ensinar a doutrina bíblica do perdão. A melhor maneira de aprender é experimentar e praticar.
    2. Mostrar a diferença entre complexo de culpa e tristeza construtiva.
    3. Ajudar os irmãos a compreender que Deus conhece nossas fraquezas e não nos rejeita por causa delas, mas perdoa, ajuda e restaura com amor, todo aquele que arrependido confessa seu pecado a Ele.
    4. Examinar à luz da Bíblia as expectativas e padrões de "certo e errado". O que eu penso ser "certo" é certo porque a Bíblia diz, ou porque eu penso assim? Da mesma forma para o que eu penso ser "errado".
    S. Lembrar que os sentimentos de culpa pelo pecado não são maus, pois podem nos estimular a confessar o pecado ou a resolver um conflito de relacionamentos.
    6. Pedir ajuda adequada, quando se sentir incapaz, não-perdoado ou rejeitado. A pergunta é: como ajudar as pessoas que recisam de arrependimento sem criar nelas um complexo de culpa?" Lembre-se que há psicólogos cristãos, devidamente preparados para lidar com o complexo de culpa.

    CONCLUSÃO:
    A reação construtiva diante da culpa deve ser o arrependimento, a confissão e o abandono do pecado, independente de achar-se digno ou indigno, limpo ou sujo ou sentir-se rejeitado por Deus. Se não há arrependimento, confissão e abandono do pecado, Satanás vai conseguir que o sentimento de culpa seja um aliado em seu propósito de afastar-nos de Deus.

    Devemos acreditar que a solução final para a culpa e os sentimentos de culpa é admitir nossa culpa, confessar o pecado a Cristo e, quando necessário, aos outros, e então crer que com a ajuda de Cristo, somos perdoados e aceitos por Deus. E Ele, nos ajudará a aceitar, amar e perdoar tanto a nós mesmos como aos outros. A culpa do crente já foi removida na cruz do Calvário, por iniciativa do Senhor. E, com a ajuda do nosso Salvador, temos um meio de tratar os sentimentos de culpa.
    "O propósito do perdão de Deus não é apenas aliviar a nossa consciência, mas nos dar uma vida plena."

    Inferioridade e Auto – Estima



    Introdução

        Vez por outra, a visão errônea sobre nós impede que vivamos bem conosco, com os outros, com Deus e Sua igreja. O conceito que temos sobre o que somos, nossos pontos fortes e fracos, as habilidades e o valor que atribuímos a eles podem fazer toda a diferença para o viver em abundância que o evangelho nos propõe.

        Temos vivido tempos em que a imagem externa tem sido extremamente valorizada. Tempos em que somos frequentemente comparados com modelos superficiais. O número de academias de ginástica tem aumentado em função da procura, não apenas pelo interesse por uma qualidade de vida melhor, mas em busca de uma aparência que atenda ao padrão que a mídia tenta impor. A moda dita regras que tem a capacidade de direcionar nossos gostos e gastos. É comum ouvirmos pessoas que dependem da opinião alheia como ponto de referência do que é certo. Isso tudo tem um preço, que por vezes vai além do que podemos suportar. Quantas vezes nos vestimos ou usamos determinado acessório, não por gostarmos, mas apenas para estar na moda, ou agradar a outras pessoas! Poucos se interessam pelo que somos, mas pelo que ostentamos ou aparentamos ser ou ter. Aliás, há quem considere fraqueza ou ingenuidade pontos que sob o referencial bíblico são louváveis. Vamos avaliar e encontrar a resposta.

     I - Existe diferença entre autoconceito, auto-imagem e auto-estima?

        Todos temos um conceito próprio que pode coincidir com o que realmente somos ou não. Alguns nem percebem que tal conceito é puramente teatral, fruto de um personagem que personificamos e que não tem nada a ver com o que Deus projetou. Há pessoas que procuram demonstrar que são calmas, quando, na verdade são extremamente nervosas, mas tal atitude não se mantém por muito tempo. Cedo ou tarde a verdadeira personalidade é revelada.
    Adicionar legenda


        Quando avaliamos nossa competência e relevância, e a influência que exercemos no meio em que vivemos, aí sim, estamos lidando com nossa auto-estima. Essa avaliação deve ser equilibrada e requer maturidade para alcançar resultados confiáveis. A hipervalorizarão ou hipo-valorização própria são sinais de instabilidade emocional e ou espiritual, além de provavelmente terem raízes mais profundas que pensamos.

    II -  Auto-estima versus inferioridade

        Nunca seremos o tempo todo confiantes ou inseguros. No decorrer da vida, passaremos por alta auto-estima ou baixa auto-estima, provocados por nós mesmos, por outras pessoas ou por Satanás. Sentimentos como soberba, orgulho, vaidade, auto-desprezo, inferioridade, baixa auto-estima não estão em consonância com o que Deus orienta em Sua Palavra. Devemos estar atentos para não cairmos como o Rei Nabucodonozor, que iludido com seu pseudopoder desceu ao patamar de um animal, e nem pensarmos como Samuel que julgou que o filho de Jessé a ser ungido rei seria o mais forte, alto e bonito, pois Deus vê o coração.

    III - Causas de inferioridade
    Alguns fatores podem interferir em nossa auto-estima.

    1. O relacionamento entre pais e filhos
    Sabemos quanto é importante para o filho saber o que seus pais pensam dele. Sua auto-estima será diretamente proporcional, em grande parte, ao valor expresso por seus pais. Atitudes positivas como: elogios justificados, carinho, valorização, respeito e atenção vão gerar alta auto-estima; enquanto superproteção, frieza, distanciamento, cobranças além da capacidade do filho, certamente, provocarão sua baixa auto­estima.

    2. Nossa história, carregada de experiências
    Pessoas cujas histórias são marcadas pelo fracasso, tendem a desenvolver baixa auto­estima, falta de perspectiva quanto ao futuro, por só se avaliarem pelo pouco que deu certo.

    3. Pecado
    Culpa e remorso por contrariar os preceitos de Deus podem nos levar a uma autocrítica negativa e à decepção. Além disso, o fato de saber que desagradamos ao Pai nos deixa inseguros quanto à Sua aceitação, e nos vemos como pessoas indignas do perdão e do amor de Deus.

    4. Alvos inacessíveis
    Partindo de padrões irreais, podemos querer alcançar o que não temos estrutura ou meios, o que leva à frustração e sentimento de incapacidade e inferioridade ante os outros.


    IV -  Implicações da inferioridade

    Pessoas que sofrem de baixa auto-estima, que se sentem inferiores às outras, enfrentam problemas decorrentes da seguinte leitura de si próprios.

    1. Dificuldade de relacionamento com Deus
    Podemos nos sentir tão pequenos que achamos que nem mesmo Deus nos aceita e valoriza. Revoltamo-nos contra o que Ele não faz ou não muda, além de culpá-Lo pelo que somos. O amor eterno incondicional de Deus expresso em Jeremias 31:3 pode nos ajudar a que amemos a nós próprios e tenhamos um melhor relacionamento com o Senhor.

    2. Dificuldade de relacionamento com os outros
    Dá para imaginar quanto uma pessoa com baixa auto-estima pode tornar-se insuportável, rancorosa, amarga, reprimida e triste. O isolamento é uma consequência de tal comportamento. Muitas pessoas se utilizam dessa maneira de ser para chamar a atenção e manipular as pessoas; outras são incapazes de se sentirem amadas.

    3. Dificuldade de relacionamento consigo mesmo
    Muitas vezes a baixa auto-estima nos impede de ver quem e como realmente somos. Devemos sempre lembrar que, aos olhos do Pai, somos preciosos. Tanto que Ele deu Seu Filho para salvar-nos da perdição eterna. Ele também capacitou pessoas que podem nos ajudar quando atravessamos dificuldades. Pastores, conselheiros, psicólogos cristãos, irmãos em Cristo estão ao nosso alcance para obtermos ajuda, a fim de que tenhamos uma compreensão correta de quem somos e do que precisamos fazer para nos ajustar corretamente, de acordo com a Palavra de Deus.

    V - Implicações da supervalorização, orgulho e soberba

    “ A soberba precede a ruína" (Pv 16: 18). Esse sábio provérbio pode nos alertar quanto ao perigo de nos supervalorizar. Ter a consciência dos nossos talentos e reconhecermos o que fazemos bem não é soberba. Soberba é quando nos esquecemos que tudo o que somos e temos, devemos ao Senhor (Dt 8: I 1- 17 ; I Cr 29: 14; SI 24: I; 2Co 5: 18; Tg 4: 13-16), e esse pecado produz em nós a necessidade de louvor, reconhecimento e aplausos por parte dos outros.
    A "queda" é uma das grandes consequências da arrogância. Conviver com uma pessoa que é simplesmente the best, "o máximo" também é muito difícil. Tais pessoas não dão oportunidade para outros; são críticas, superficiais e não reconhecem o valor dos demais.


    VI - Alcançando a auto-estima adequada

    Na Palavra de Deus, encontramos o padrão, os parâmetros para dirigir cada setor de nossa vida, inclusive a parte psicológica. Nossa comunhão com Deus pode proporcionar uma verdadeira terapia. Ele nos conhece melhor que todos. Podemos nos abrir em cristalina transparência, pedindo cura e perdão, bem como o retorno ao projeto original de Deus para nós. Deleitar-nos na Bíblia que nos oferece grandes desafios de beleza espiritual é agir com sabedoria, não obstante nosso exterior, bens ou status.



    Precisamos redescobrir e pôr em prática orientações que encontramos na Palavra, como: perdão daqueles que provocaram a nossa baixa auto-estima. Por outro lado, não devemos culpar outros e abster-nos de responsabilidade, se a falha for nossa; é saudável resgatar dons, talentos e habilidades que de forma tão especial nos faz úteis na obra do Senhor. Ele nos deu esses dons e, como a própria Bíblia ensina, os que usarem bem seus talentos ganharão outros.


    Conclusão
    Deus tem uma maneira especial de ver Seus filhos. Mesmo que nós não nos valorizemos ou que outros não o façam, cada um de nós é precioso para o Senhor. Ele que nos criou, nos conhece e pode nos fazer desfrutar de um viver saudável, capaz de irradiar a Sua beleza. O pecado certamente interfere nesse processo. A soberba é pecado, mas ter auto-estima baixa é atitude contrária à de Deus. Devemos buscar equilíbrio e observar como temos tratado as pessoas e reconhecê-las como gostaríamos de ser tratados e reconhecidos.

    Discípulos um Atleta de Cristo


    As olimpíadas são maravilhosas! Que espetáculo! É o maior evento esportivo do planeta. Toda a programação é idealizada com um único objetivo:
    "Exaltar os vencedores". As modalidades esportivas são as mais variadas possíveis: natação, vôlei, futebol, corrida, etc. Em todas elas há os vencedores, aqueles que ficam com a tão sonhada medalha de ouro.
    Nós, cristãos, também participamos de uma olimpíada, e nela podemos ser classificados ou desclassificados. Precisamos nos esforçar perseverar, transpor obstáculos se quisermos ser classificados. 

    o apóstolo Paulo comparou a vida cristã a uma olimpíada. Vejamos o que ele escreveu em sua carta aos coríntios: "Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre. Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar. “Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado”
    (I Co 9:24-27 - NVI). 

    Nesta ministração, vamos destacar duas características dos atletas vencedores.
    Eles Possuem Disciplina
    A maioria das pessoas não gosta de ouvir a palavra disciplina. Talvez porque ela nos leve a pensar em algo que irá nos prejudicar nos forçar a mudanças ou talvez qualquer outra coisa que não seja agradável. O que vem à sua mente quando você ouve esta expressão: "Precisamos ter disciplina"?
    Os atletas que aspiram participar de uma olimpíada precisam submeter-se a um treinamento rigoroso, controlar a alimentação, o peso, o tempo de repouso, o tempo de treinamento, etc. Enfim, precisam de muita disciplina.
    A revista Veja trouxe matéria interessante sobre um dia na vida da Seleção Brasileira de Ginástica Olímpica Feminina. Vejamos como é o dia dessas atletas.
    O treino começa pontualmente às 8 horas. As ginastas fazem aula de balé até as 9 horas. Às 9h30_começam as séries de exercícios. Após o primeiro período de treinos, as ginastas almoçam às 12 horas. O cardápio é composto de frango com salada. As que estão acima do peso são obrigadas a fazer uma refeição diferenciada, sob a vista dos técnicos. Às 13h 15 as atletas têm aulas particulares nas próprias dependências do ginásio onde realizam os treinos. Antes do segundo período de treinos as ginastas são obrigadas a se pesar (15 horas). São três pesagens por dia: de manhã, a tarde e à noite. Às 18 horas findam os treinamentos e dá-se início à fisioterapia, pois muitas atletas sentem dores e recebem anti-inflamatórios. Finalmente, às 19 horas as atletas vão à faculdade. 

    E quanto a nós, cristãos, quais são as disciplinas necessárias para sermos vitoriosos? O autor Richard J. Foster em seu livro, Celebração da Disciplina, classifica os vários tipos de disciplinas como sendo "interiores, exteriores e associadas", as quais são relevantes para o nosso desenvolvimento emocional, intelectual e espiritual. Comentemos sobre as "disciplinas interiores".
    Meditação - A meditação cristã é uma busca por esvaziar a mente dos assuntos terrenos a fim de enchê-Ia com a Palavra de Deus (SI 63:6; Gn 24:63).
    Oração - "Se não estivermos dispostos a mudar, abandonaremos a oração como característica perceptível de nossas vidas" (At 6:4;Lcll:I). 

    Jejum - "Em vários aspectos seu estômago é como uma criança mimada, e as crianças mimadas não precisam de presentes, precisam de disciplina" (SI 35: 13; Ed 8:21-23; Mt 6: 16; At 13:2,3).
    Estudo - "Daqui a cinco anos você estará bem próximo de ser a mesma pessoa que é hoje, exceto por duas coisas: os livros que ler e as pessoas de quem se aproximar" (Jo 8:32; SI 119:9,11; Dt 1:18).
    O renomado escritor russo Leon Tolstói observou: "Todos pensam em mudar a humanidade e ninguém pensa em mudar a si mesmo".
    Eles possuem Perseverança
    Segundo o dicionário, o termo perseverança significa: "persistência, continuação; constância; insistência; teimosia". Facilmente, podemos ver esta palavra e os seus significados na conduta dos atletas, pois justamente por ela é que eles têm cada vez mais quebrado os recordes mundiais em várias modalidades. 

    E nós, atletas de Jesus Cristo, temos perseverado? 

    Temos batido novos recordes pessoais espirituais? 

    A Bíblia nos diz que Deus não tem prazer naqueles que desistem no meio da olimpíada, "Se retroceder, nele não se compraz a minha alma" (Hb 10:38). 

    Conforme Hebreus 12: I, existem pesos e pecados que podem nos impedir de ser perseverantes, de correr bem a carreira que nos está proposta. Os maratonistas têm buscado usar equipamentos cada vez mais leves, de maneira que os auxiliem a concluir bem a corrida. Eles sabem a importância do peso que carregam consigo.
    Nós estamos atentos para os pesos desnecessários que tantas vezes carregamos? Talvez eles sejam: namoro com descrente; amigos que não compartilham da mesma fé cristã; emprego que não glorifica a Jesus; músicas ouvidas e vez por outra cantadas; assunto que absorve o tempo na internet ou à frente da Tv. Os interesses próprios podem significar um grande peso e logo se transformar em pecado, se permitirmos que o egoísmo nos domine. 

    A nossa grande luta é discernir o que é peso e o que é pecado, pois eles andam bem próximos um do outro. Porém, tanto um quanto outro nos atrapalham na corrida. 

    Conclusão
    Os atletas das olimpíadas recebem medalhas de ouro, prata ou bronze. Porém, em pouco tempo eles e suas medalhas transformam-se em apenas lembrança do passado. Os atletas de Jesus Cristo receberão não uma medalha, mas sim uma coroa incorruptível (I Co 9:25). Ela é um prêmio para a eternidade, que não ficou presa a um passado e que não vai ser esquecida no futuro: a coroa da salvação em Cristo Jesus!

    quarta-feira, 22 de maio de 2013

    A BUSCA DA RESTAURAÇÃO


    Referência: Joel 2.12-17
     INTRODUÇÃO
    Hoje quero falar sobre a necessidade da restauração da igreja. Deus chamou a igreja do mundo para enviá-la de volta ao mundo como luz. A igreja é tão diferente do mundo como a luz é diferente das trevas. A igreja não foi chamada para ser influenciada pelo mundo. Ela não foi chamada para imitar o mundo. Ela não foi chamada para amar o mundo.
    Mas a igreja hoje está exatamente como o povo de Israel, imitando a vida dos povos ao seu redor. Por isso, a igreja tem perdido o seu poder espiritual. Martyn Lloyd-Jones diz que só vamos influenciar e ganhar o mundo quando formos exatamente diferentes do mundo. No Brasil a igreja evangélica está crescendo mas não influenciando o mundo. A igreja tem extensão, mas não profundidade. Tem números, mas não santidade. Tem quantidade, mas não qualidade.
    A igreja está se acostumando com o pecado. E o pecado atrai a ira santa de Deus. O pecado provoca o juízo de Deus. O profeta Joel está tocando a trombeta do juízo de Deus no capítulo 2. Os gafanhotos, a seca, a fome e os exércitos invasores estão assolando Israel. Essa trombeta fala do juízo de Deus.
    I. A RESTAURAÇÃO COMEÇA COM A CONSCIÊNCIA DA CRISE QUE NOS CERCA – v. 1-11
    O profeta Joel entende que a crise é resultado do pecado do povo e do juízo de Deus contra o pecado. Como Deus vê a igreja hoje? Tem Deus prazer na vida do seu povo ao ver a sua infidelidade? Tem Deus prazer na vida do seu povo ao ver que as coisas do mundo nos atrai mais do que as coisas do céu. Tem Deus prazer na sua igreja ao ver que os crentes tem perdido seus absolutos, tem imitado o mundo e vivido apenas um religiosismo sem vida, sem santidade e sem poder?
    Deus não se impressiona com formas, com programas, com ritos, com cerimônias. Ele busca um povo santo, piedosos, fiel. Há pecados na igreja: 1) Falta de consistência espiritual – piedade na igreja e mundanidade em casa; 2) Falta de fervor espiritual – cansaço com as coisas de Deus e entusiasmo com as coisas do mundo. Falta de oração. Analfabetismo bíblico; 3) Falta de pureza moral – Crentes que abrigam imoralidade no coração, com pornografia, com namoros impuros, com festas mundanas; 4) Falta de amor nos relacionamentos – Crentes que são insubmissos aos pais, que são insensíveis com o cônjuge, que são frios no trato uns com os outros. 5) Falta de fidelidade na mordomia dos bens – Crentes que amam mais o dinheiro do que a Deus. Crentes que sonegam os dízimos, que roubam de Deus, que não investem no Reino.
    A restauração passa pela consciência da crise. A igreja está como Ziclague, ferida e saqueada pelo inimigo. A igreja parece com Sansão, um gigante que ficou sem visão e sem forças. Escândalos vergonhosos têm acontecido dentro das igrejas. A igreja está em crise na doutrina, na ética e na evangelização.
    O pecado nos torna fracos e afasta de nós a presença poderosa de Deus. Daí o começo da restauração passar pela consciência da crise.
    II. A RESTAURAÇÃO VEM COMO RESULTADO DE UMA VOLTA PARA DEUS – v. 12-17
    Qual é o processo dessa volta para Deus?
    1.É uma volta para uma relação pessoal com Deus – v. 12 “Convertei-vos a mim”
    O caminho da restauração é aberto quando voltamos as costas para o pecado e a face para Deus. Não é apenas um retorno à igreja, à doutrina, a uma vida moral pura, mas uma volta para uma relação pessoal com Deus. Os fariseus amavam mais a religião do que a Deus. Eles estavam mais apegados aos costumes religiosos do que a comunhão com Deus.
    A maior prioridade da nossa vida é Deus. Fomos criados para glorificarmos a Deus e desfrutarmos da sua intimidade. Hoje buscamos as bênçãos de Deus e não o Deus das bênçãos. Corremos atrás da bênção e não do abençoador. O nosso alvo é satisfazer a nós mesmos e não voltarmo-nos para o Senhor.
    Temos muita religiosidade e muito pouca intimidade com Deus. Conhecemos muito acerca de Deus, e muito pouco a Deus. Estamos envolvidos com a obra de Deus, mas não temos intimidade com o Deus da obra. Somos ativistas, mas não nos assentamos aos pés do Senhor. Deus está mais interessado em nossa relação com ele do que no nosso trabalho. Exemplo: Quando Jesus foi restaurar Pedro ele lhe deu uma lista de coisas para fazer, mas lhe perguntou: tu me amas? A volta para Deus é o primeiro degrau na estrada da restauração.
     2.É uma volta com sinceridade para Deus – v. 12 “de todo o vosso coração”
    Há muitos crentes que fazem lindas promessas para Deus depois de um retiro, depois de um congresso, depois de um culto inspirativo, mas logo se esquecem dos compromissos assumidos. O amor deles é como o orvalho, logo se dissipa. Os votos assumidos no altar de Deus, com lágrimas, já são esquecidos no páteo da igreja.
    O nosso cristianismo tem sido muito raso. Cantamos hinos de consagração, mas não nos consagramos ao Senhor. Cantamos que queremos ser um vaso de bênção, mas nos omitimos de falar de Jesus. Pedimos para que Jesus brilhe sua luz em nós, mas apagamos nossa luz imitando o mundo em nosso comportamento. Cantamos “tudo a ti Jesus entrego, tudo, tudo entregarei”, mas retemos os dízimos e as ofertas e fechamos o nosso coração ao necessitado. Honramos a Deus com os nossos lábios, mas o negamos com as nossas obras.
    Há aqueles que só andam com Deus na base do aguilhão. Só se voltam para Deus no momento em que as coisas apertam. Só se lembram de Deus na hora das dificuldades. Não se voltam para Deus porque o amam ou porque estão tristes com os seus pecados, mas porque não querem sofrer. A motivação da busca não está em Deus, mas neles mesmos. O centro de tudo não é Deus, mas o eu. Precisamos nos voltar para Deus para veler. Deus não aceita apenas uma religião formal, uma reforma exterior, um verniz espiritual.
    3.É uma volta com diligência para Deus – v. 12 “e isto com jejuns”
    Qual foi a última vez que você jejuou para buscar a Deus? Jejum não é greve de fome, não é regime para emagrecer, não é ascetismo nem meritório. O jejum é instrumento de mudança. Ele muda a nós, não a Deus.
    Devemos jejuar para Deus. Devemos jejuar para nos humilharmos diante do Senhor. Devemos jejuar para reconhecermos a falência dos nossos recursos. Devemos jejuar para buscarmos o socorro de Deus. O povo de Deus sempre jejuou. Quem jejua tem pressa. Quem jejua está ansioso por ver a intervenção de Deus.
    Josafá convocou a nação de Judá para jejuar e Deus libertou o seu povo das mãos do adversário. Nínive jejuou e Deus lhe concedeu libertação. Ester jejuou com o seu povo e Deus poupou a nação de um holocausto.
    Em 1756 o rei da Inglaterra convocou um dia solene de oração e jejum por causa de uma ameaça por parte dos franceses. João Wesley comentou as igrejas ficaram lotadas. A humilhação foi transformada em regozijo nacional porque a ameaça da invasão foi impedida.
    Visitei em 1997 a maior Igreja Metodista do mundo com 87 mil membros. O pastor fundador da igreja nos disse que os dois momentos mais significativos da igreja, foi quando ele se dedicou intensamente ao jejum.
    Quem jejua tem mais pressa em acertar a sua vida com Deus do que saciar as necessidades do corpo. Hoje os crentes têm pressa para correr atrás de seus próprios interesses. Precisamos de restauração.

    4.É uma volta com quebrantamento para Deus – v. 12 “com choro e com lágrimas”
    O povo de Deus anda com os olhos enxutos demais. Muitas vezes desperdiçamos nossas lágrimas, chorando por motivos fúteis demais. Outras vezes queremos remover o elemento emocional do culto. É por isso que estamos secos. Não choramos porque estamos endurecidos.
    Temos chorado como Jacó no vau de Jaboque buscando uma restauração em sua vida (Os 12:4)? Temos chorado como Davi chorou ao ver sua família saqueada pelo inimigo? Temos chorado como Neemias chorou ao saber da desonra que estava sobre o povo de Deus? Temos chorado como Jeremias chorou ao ver os jovens da sua nação desolados, vencidos pelo inimigo, e as crianças jogadas na rua como lixo? (Lm 1:16: 2:11). Temos chorado como Pedro por causa do nosso próprio pecado de negar o Senhor? Temos chorado como Jesus ao ver a impenitência da nossa igreja e da nossa cidade (Lc 19:41)?
    Conhecemos o que é chorar numa volta para Deus? Nosso coração tem se derretido de saudades do Senhor?
    5.É uma volta com sinceridade para Deus – v. 13 “Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes”
    Nessa volta para Deus não adianta fingir. O Senhor não aceita encenação. Ele não se impressiona com os nossos gestos, nossas palavras bonitas, nossas emoções sem quebrantamento. Diante de Deus as máscaras caem. Ele vê o coração.
    Para Deus não é suficiente apenas estar na igreja, ter um culto animado. É preciso ter um coração rasgado, quebrado, arrependido e transformado.
    Como é triste ver pessoas que passam a vida toda na igreja e nunca foram quebrantadas. Passam a vida toda representando um papel de santidade, mas são impuros. Fazem alarde da sinceridade, mas interiormente são hipócritas. Advogam fidelidade, mas no íntimo são infiéis.
    6.É uma volta urgente para Deus – v. 12 “Ainda assim, agora mesmo”
    A despeito da crise devemos nos voltar para Deus. A crise não deve nos empurrar para longe de Deus, mas para os seus braços. A frieza da igreja não deve ser motivo de desalento, mas de forte clamor e profunda determinação para nos voltarmos para Deus.
     Os tempos de restauração vem depois de um tempo de sequidão. O tempo de nos voltarmos para Deus é agora. A restauração é para hoje. O tempo de Deus é agora. Não podemos agir insensatamente como Faraó, pedindo a restauração da sua terra do juízo de Deus para amanhã (Ex 8:8-10). Muitos crentes estão também adiando a sua volta para Deus. AGORA é o tempo da graça e o tempo da visitação de Deus. AGORA é o tempo aceitável.
    O acerto de vida com Deus é urgente. O profeta Joel ordena: “Tocai a trombeta em Sião” (2:15). A trombeta só era tocada em época de emergência. Mas a trombeta é tocada em Sião e não no mundo. O juízo começa pela casa de Deus (1 Pe 4:17). Primeiro a igreja precisa voltar-se para o Senhor, depois o mundo o fará. A restauração começa na igreja e pela igreja e ela atinge o mundo. Quando a igreja acerta a sua vida com Deus, do céu brota a cura para a terra (2 Cr 7:14).
    III. A RESTAURAÇÃO VEM COMO RESPOSTA DA BENIGNIDADE DE DEUS – V. 13-14
    1.A restauração é resposta da misericórdia de Deus – v. 13 “porque ele é misericordioso…”
    Podemos esperar um tempo de restauração da parte do Senhor porque ele é infinitamente misericordioso. Ele tem prazer em perdoar. Ele tem prazer em restaurar. Na ira ele se lembra da sua misericórdia. Ele volta o seu rosto para nós.
    A esperança da restauração está fundamentada no gracioso caráter de Deus. Deus é misericordioso. Ele é compassivo. Ele é tardio em irar-se. Ele é grande em benignidade. Ele se arrepende do mal.
    2.A restauração é resposta do pacto de Deus conosco – v. 13 “convertei-vos ao Senhor, vosso Deus”
    O povo havia se desviado de Deus, mas ainda era o povo de Deus. Deus continua interessado na restauração do seu povo e ainda está comprometido com o seu imutável amor e propósito. Devemos nos voltar para Deus como o Deus do pacto. Ele é fiel. Ele jamais cessou de nos buscar, nos atrair, de nos chamar para ele. Somos o seu povo.
    IV. A RESTAURAÇÃO PASSA POR UMA VOLTA DO POVO TANTO COLETIVA COMO INDIVIDUAL AO SENHOR – V. 15-17
    Ninguém pode ficar de fora dessa volta para Deus. Todo o povo deve ser congregado. Toda a congregação deve ser santificada. Todavia o profeta começa a particularizar os que devem fazer parte dessa volta:
    1.Os anciãos devem se voltar para Deus – v. 16 “ajuntai os anciãos”
    A liderança precisa estar na frente, puxando a fila daqueles que têm pressa de voltarem para Deus. Os líderes são os primeiros a acertarem suas vidas com Deus. Os anciãos são os primeiros a colocarem o rosto em terra.
    A igreja é um retrato da sua liderança. Ela nunca está à frente dos seus líderes. Os líderes devem ser os primeiros a se voltarem para Deus com choro, com jujum, com o coração rasgado.
     2.Os jovens devem se voltar para Deus – v. 16 “reuni os filhinhos”
    As pressões sobre os jovens são muito grandes. Faraó tentou reter os jovens no Egito. Sansão deu uma festa regada a vinho porque era o costume dos jovens da sua época. Precisamos de jovens como José que preferem a prisão do que o pecado. Precisamos de jovens como Daniel que resolvem firmemente não se contaminarem. Precisamos de jovens como Timóteo que permanece nas Sagradas letras.
    O lugar de jovem curtir a vida é no altar de Deus. Só na presença de Deus há plenitude de alegria. Ilustração: Minha experiência na Igreja de Uberlândia.
    A volta para Deus é mais urgente para os jovens do que o casamento. “Saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento”.
    3.As crianças devem se voltar para Deus – v. 16 “reuni os que mamam”
    Até mesmo as nossas crianças precisam ser desafiadas a se voltarem para Deus. Precisamos trazer os nossos filhos à Casa de Deus e ensiná-los a buscarem ao Senhor. Não podemos entregar os nossos filhos à babá eletrônica. Temos que criá-los aos pés do Senhor e para a glória do Senhor.
    4.Os ministros devem se voltar para Deus – v. 17 “Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor… e orem: Poupa o teu povo, ó Senhor…”
    Nós pastores precisamos aprender a chorar pelo povo. Temos feito a obra de Deus com os olhos enxutos demais. Não podemos nos conformar com a crise. Não podemos nos conformar em ver a sequidão espiritual do povo de Deus. O choro precisa começar com os pastores. Os líderes precisam chorar e orar.
    Quando perguntaram para Moody qual era o maior obstáculo da obra, ele disse: “O maior obstáculo da obra são os obreiros.” Estamos vivendo uma crise pastoral no Brasil. Precisamos nos voltar para Deus e precisamos chorar por nós mesmos e pela vida do povo de Deus.
    V. A RESTAURAÇÃO PRODUZ RESULTADOS EXTRAORDINÁRIOS NA VIDA DO POVO DE DEUS – V. 18-32
    1.Quando Deus restaura a igreja, ele muda a sua sorte – v. 18-27
    Quando a igreja se volta para Deus e acerta sua vida com ele, ele se compadece do seu povo: ao invés de fome, há fartura (2:19,24). Ao invés de opresssão do inimigo, há libertação (2:20). Ao invés de seca, há chuvas abundantes (2:23). Ao invés de prejuízo, há restituição (2:25). Ao invés de vergonha, há louvor (2:26). Ao invés de lamentaçãoi e de solidão, há a plena consciência de que Deue está presente (2:26,27).
    2.Quando Deus restaura a igreja, ele derrama sobre ela o Seu Espírito – v. 28-32
    O derramamento do Espírito não vem antes, mas depois que o povo se volta para Deus. O derramamento é uma bênção abundante, segura e restauradora que vem sobre trazendo vida, vigor e poder para a igreja.
    O Espírito desceu no Pentecoste e a igreja saiu das quatro paredes para impactar o mundo. Antes os crentes estavam com medo dos judeus. Agora os judeus é que ficaram com medo dos crentes. Quando nos voltamos para Deus, ele se volta para nós e restaura a nossa sorte.