quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

FILHOS DE LARES DESTRUTURADO




Introdução
"Melhor é um bocado seco e tranquilidade do que a casa farta de carnes e contendas"
(Pv 17: I).
Quando pensamos em um lar desajustado, vem-nos à mente aquela família que passa pela dura experiência da separação dos cônjuges, ou a que tem um dos seus membros envolvido em amizades perigosas, com comportamentos inadequados. Restringimos nossas atenções às situações nas quais há um notório desajuste. Dessa forma atribuímos quaisquer ocorrências negativas como resultado dessas situações.
Não queremos diminuir os reflexos dolorosos e profundos dessas situações citadas, mas refletir na forma como a Palavra de Deus olha para as nossas casas de maneira mais completa, considerando aspectos que vão além da aparência de família feliz. "Melhor é o pouco, havendo o temor do Senhor, do que grande tesouro onde há inquietação" (Pv 15: 16). Sem dúvida Deus está ordenando as prioridades, (no sentido de dar a seqüência correta).
Desajustar quer dizer desordenar, tirar da ordem. Assim, um lar desajustado é aquele que está fora da ordem, que inverte a sequência das prioridades e princípios de Deus para a família. Trataremos dos desajustes familiares, a seguir.
I - Identificando desajustes
Em I Samuel 2: 12-17,22-29, lemos uma parte da história do sacerdote Eli recebendo do Senhor uma dura repreensão pela situação de seus filhos.
Nesse momento, podemos perceber alguns desajustes e suas conseqüências, e também avaliarmos se em algum momento fomos vítimas dos desajustes ou se causamos algum! Deus pode atuar nas falhas, trazendo uma reestruturação, ajustando nossa ordem de prioridades. Poder, aqui, não significa capacidade, pois Deus tudo pode. Ocorre que, às vezes, nós não queremos que Ele trabalhe em nossa vida!
1. Reconhecer
O primeiro passo é reconhecermos que algo não está correto; que em algum momento falhamos no percurso. O profeta Eli percebia o comportamento inadequado dos filhos, mas não dava a devida atenção: HEra. porém. EJi já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel ... " (I Sm 2:22). Ele ouvia falar. mas não reconhecia o desajuste e, só muito tarde. já idoso, se posicionou.
2. Observar
O segundo passo importante é observar a freqüência de uma situação - H". ouço constantemente falar do vosso mau procedimento ... " (I Sm 2:23). Constantemente é dizer que tal comportamento sempre ocorre. Algumas situações ocorrem isoladas e esporadicamente. mas existem situações repetitivas que causam mal estar nos membros da família e devem ser olhadas de maneira mais cuidadosa. Devemos considerar a possibilidade de um sério desajuste e tratá-lo.
No primeiro livro de Samuel 1 :7. vemos uma situação que periodicamente acontecia. "E assim o fazia ele de ano em ano; e, todas as vezes ... ", essa situação causou um mal em Ana que vimos na lição sobre depressão.
Se pudermos estar atentos às situações de nossa vida, tendo a humildade de reconhecer que algo não está correto, observando a constância da situação, poderemos evitar que muitos desajustes se instalem em nosso lar. e alcançaremos
um maravilhoso alvo " ... todos quantos os virem os reconhecerão com a família bendita do Senhor" (Is 61 :9). Não temos como evitar situações problemáticas, mas podemos recorrer a Deus e ter a bênção da restauração.
II - A natureza do desajuste
Inúmeras situações podem gerar desordem e desajuste num lar. Vamos chamar essas situações de "sementes". para trabalharmos de maneira prática os desajustes e suas possíveis consequências, lembrando a lei da semeadura e da colheita (GI 6:7).
1.  A semente da preferência - Isaque amava a Esaú. porque se saboreava de sua caça; Rebeca. porém, amava a Jacó" (Gn 25:28).
Nessa conhecida história que a Bíblia nos conta, vemos a questão da preferência como semente lançada sobre a vida de irmãos gêmeos (Gn 25:23-26), mas de características bem diferentes (Gn 25:27).
A falta de respeito pelas diferenças tem gerado grandes conflitos dentro dos lares. Essa semente traz prejuízo e desordem no equilíbrio emocional da família.
Quando os pais tratam os filhos de maneira diferenciada, permitindo os famosos "dois pesos, duas medidas", estão plantando algo que com certeza trará frutos de angústias, inimizade entre irmãos, frustrações de não conseguir cativar a admiração do pai ou da mãe. Por várias razões, essa semente deve ser arrancada. antes que crie profundas raízes de amargura e deforme o lar.
Deus não faz acepção de pessoas, (Dt 16: 19; At 10:34). Devemos buscar este padrão de comportamento para a nossa vida, conforme a palavra em I Pedro I: 15, "tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento. "
Efésios 6:2 exorta os filhos: "Honra a teu pai e a tua mãe". Também aos filhos é dada a orientação de honrar, não especificando se essa honra está condicionada a que tipo de pais têm! A honra é para com o pai, na mesma medida que para com a mãe. Ainda que um dos dois não seja convertido ao Senhor, a sua honra e o seu respeito falará mais forte que suas palavras para testemunhar de Cristo.

Muitas vezes somos mais carinhosos com os "tios" do que com nossos pais. Às vezes, achamos a mãe mais amável, então, contamos nossos segredos, damos carinhos, e deixamos o pai de lado ou vice-versa.
A preferência no coração de Isaque e Rebeca trouxe muita confusão, desajustou as relações entre irmãos. Devemos avaliar se estamos em ordem com esse princípio bíblico.
1. A semente da mentira
Por causa da preferência, Rebeca deu um jeitinho para garantir a bênção sobre a vida de Jacó. Ela o ajudou a elaborar um plano: mentir a respeito de sua identidade. Muitas vezes, nos lares, a mentira se torna um escape para resolução de algumas situações. Pais mentem aos nossos filhos e vice-versa; e quando vem o momento da verdade, o sentimento de ter sido traído arrasta os laços de afeto da família para um abismo.
O grande perigo é que isso pode se tornar um costume, uma doença. Há pessoas que vivem num mundo ilusório, de mentiras, prejudicando a si mesmas e aos outros; porque aprenderam, no desajuste do lar, receberam a semente da mentira e se tornaram doentias. Não conseguem permanecer num emprego por muito tempo, nos grupos da escola, até mesmo não se adaptam em nenhuma igreja porque não conseguem ser verdadeiras. Contam histórias fantasiosas, plantam inimizades nos grupos, mentem sobre sua formação para conseguir um emprego sem medir consequências, não conseguem falar a verdade, vivem à beira do abismo. Essa situação:
Fere um princípio bíblico: "Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com seus feitos" (CI 3:9);
 Fere a confiança que é a base de todo relacionamento: "O coração do seu marido confia nela ... " (Pv 3 I : I I); "A língua falsa aborrece a quem feriu" (Pv 26:28);
fere a identidade de filho de Deus: “... Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” ( Jo 8:44).
2. A semente do temperamento
Em I Samuel temos a história de um homem chamado Nabal. Este era um homem com uma boa situação econômica (I Sm 25:2); mas de um terrível temperamento (I Sm 25:3).

No final do versículo 17, temos um resumo de seu jeitão de ser:" ... e não há quem lhe possa falar".
Num lar, muitas vezes, os temperamentos são fortes, ninguém tolera ninguém. O pai não sabe se posicionar sem ofender, sem magoar sua família, outras vezes, é a mãe que não tem a sabedoria e fere os filhos com sua dureza de coração. Muitas vezes, são agressões físicas ou verbais que trazem desilusões e desajustes, gerando filhos agressivos, que transferem para os colegas e professores a mesma agressividade que recebem em casa; ou os filhos se fecham buscando segurança e se tornam tristes, sem amigos porque não podem se expor com medo de agressões.
Um temperamento que não foi tratado pelo Senhor é uma semente que germina:
filhos distantes dos pais, procurando carinho e conselhos longe do lar;
esposas infelizes, envergonhadas pelas atitudes do marido frente aos filhos e estranhos;
maridos feridos, com baixa autoe-stima, pelas palavras duras da esposa.
Nosso temperamento é contra nós porque se caracteriza por nossa natureza carnal, somente uma experiência com Cristo pode nos trazer a possibilidade de domínio próprio.
3. Os filhos carregam uma identidade genética ue recebem no momento da concepção, que determina muito de suas características: o cabelo, a cor dos olhos, e outras; mas também recebem de nós, ao longo dos anos, elementos que darão forma ao caráter, ao emocional e ao espiritual.
Muitos adultos têm dificuldade de se entregar ao amor de Deus como um Pai zeloso, porque nunca sentiram o zelo de seus pais biológicos, foram esquecidos, empurrados como embrulho; na ânsia de serem modernos e liberais, os pais se desinteressaram pela vida de seus filhos trazendo complicações e abandono.
Muitos adultos não conseguem descansar na justiça de Deus, porque se sentiam injustiçados dentro de casa, em função das preferências, e ninguém os defendeu.
Muitos jovens não conseguem ser sinceros nos relacionamentos, mentem para serem aceitos, mentem para cobrir seus erros, porque foi dessa forma que viram seus pais agirem a vida toda - e sem arrependimento.
Muitos jovens estragam seus relacionamentos porque desenvolveram um temperamento rude, de "tolerância zero", porque dessa forma foram criados.
A boa noticia é
“ E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2Co 5: 17);
"Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos. conforme o seu poder que opera em nós" (Ef 3:20);
"Em lugar de vossa vergonha. tereis dupla honra; em lugar da afronta. exultareis na vossa herança; por isso, na vossa terra possuireis o dobro e tereis perpétua alegria" (Is 61 :7).
Alguém disse que "nosso futuro não será necessariamente o nosso passado". Não importa a semente lançada em seu coração pelos desajustes de sua família, não importa o grau de suas feridas e o tempo que elas estão influenciando seus relacionamentos afetivos e profissionais. Deus pode lhe restaurar, Ele conhece seu passado, o contempla no presente e tem os dias escritos, seu futuro. Ele pode mudar a realidade de sua família, transformar temperamentos, confrontar o pecado e purificar da injustiça.
Conclusão:Não deixe que sementes estranhas criem raízes em sua família. Encare, sem temor, os desajustes que estão em você. Trate-os para que você não os leve para seu casamento. Perdoe seus pais, aprenda com os erros deles, e aja de maneira completamente diferente. Muitos jovens que não conheceram a paz no lar dos pais estão experimentando uma doce paz na família que construíram. Seja um desses!

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