segunda-feira, 22 de julho de 2013

O CHORO PODE DURAR UMA NOITE MAS ALEGRIA VEM AL AMANHECER




Referência: Mateus 5.4

INTRODUÇÃO

1. Esta bem-aventurança contém o maior paradoxo do Cristianismo. Poderíamos traduzir: “Felizes os infelizes”. Que espécie de tristeza é esta que pode produzir a maior felicidade?

2. A palavra usada por Jesus para chorar (panthoutes) significa lamentar, prantear pelo morto. Entristecer-se com uma profunda tristeza que toma conta de todo ser de tal maneira que não pode se ocultar (Trench).

3. A palavra chorar segundo William Barclay é o termo mais forte da língua grega para denotar dor e sofrimento. É a palavra que se usa para descrever a morte de um ser querido. Na LXX é a palavra que descreve o lamento de Jacó quando creu que José, seu filho estava morto (Gn 37:34). Não se trata apenas da dor que faz doer o coração, mas da dor que faz nos chorar.

4. Nem todos os que choram são felizes e nem todos os que choram serão consolados. Então, de que tipo de choro Jesus está falando? Choramos por várias razões: choramos pelo luto, choramos de dor física, choramos pela decepção, pelo desespero, pela desesperança, pela saudade, pela compaixão, pela solidão, pela depressão, por amor. Mas de que tipo de choro Jesus está tratando nessa bem-aventurança?

5. Jesus está tratando de duas coisas: 1) Uma declaração: Felizes são os que choram. 2) Uma promessa: esses serão consolados.

I. O QUE ESSE CHORO NÃO SIGNIFICA?

1. Não é o choro carnal

O choro carnal é aquele que uma pessoa lamenta a perda de coisas exteriores e não a perda da pureza. A tristeza do mundo produz morte (2 Co 7:10). Amnom chorou de tristeza até possuir sua própria irmã, para depois desprezá-la (2 Sm 13:2). Acabe chorou por não ter a vinha de Nabote, a qual cobiçava (1 Rs 21:4). Faraó chorou por ter feito o bem, por ter libertado o povo. Ele arrependeu-se de seu arrependimento (Ex 14:15).

2. Não é o choro do remorço e do desespero

Esse foi o choro de Judas. Ele viu seu pecado, ele se entristeceu. Ele confessou seu pecado, ele justificou Cristo, dizendo que ele era inocente. Ele fez restituição. Mas Judas está no inferno e parece ter feito muito mais que muitos fazem hoje. Ele confessou seu pecado. Ele fez restituição. Sua consciência o acusou de ter adquirido aquele dinheiro de forma vil. Mas Judas chorou pelo pecado, mas não foram lágrimas de arrependimento, senão de remorço.

3. Não é o choro do medo das consequências do pecado

Quando Caim matou seu irmão Abel, Deus o confrontou. Ele, então disse,”é tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo” (Gn 4:13). Seu castigo afligiu-o mais do que o seu pecado. Chorar apenas pelo medo do castigo, apenas pelo medo do inferno é como o ladrão que chora porque foi apanhado e não pela sua ofensa. As lágrimas do ímpio são forçadas pelo fogo da aflição e não do arrependimento.

4. Não é o choro apenas externo e teatral

Jesus diz que os fariseus “mostram-se contristados e desfiguram a face com o fim de parecer aos homens que jejuam” (Mt 6:16). Os olhos estão molhados, mas o coração está seco. Os olhos estão umedecidos, mas o coração endurecido. Quando Acabe soube do juízo de Deus sobre ele e seu reino rasgou as vestes e vestiu-se com com pano de saco (1 Rs 21:27). Suas vestes estavam rasgadas, mas não seu coração. Ele vestia-se de pano de saco, mas não havia choro pelo pecado.

II. O QUE ESSE CHORO SIGNIFICA

1. Deve ser um choro espontâneo

A mulher pecadora de Lucas 7 revelou um arrependimento espontâneo e voluntário. Ela lavou os pés de Jesus com suas lágrimas. Ela veio com unguento em suas mãos, amor em seu coração e lágrimas em seus olhos.

2. Deve ser um choro espiritual

É o choro pelo pecado e não apenas pelas consequências do pecado. Faraó pediu para tirar as pragas, mas jamais desejou tirar as pragas do seu coração. Quando Deus confrontou Davi ele arrependeu-se do pecado e chorou pelo pecado, mais do que pelas consequências do seu pecado. Ele disse: “O meu pecado está sempre diante de mim”. Ele não disse: a espada está sempre diante de mim, o castigo está sempre diante de mim. A ofensa contra Deus feriu-o mais do que o juízo de Deus sobre o seu pecado.

a) Devemos chorar pelo pecado porque ele é um ato de hostilidade e inimizade contra Deus – O pecado ofende e resiste o Espírito Santo (At 7:51). O pecado é contrário à natureza de Deus. Deus é santo e o pecado é uma coisa imunda. O pecado é contrário à vontade de Deus. A palavra hebraica para pecado significa rebelião. O pecado luta contra Deus (At 5:39).

b) Devemos chorar pelo pecado porque ele é um ato de consumada ingratidão contra Deus – Deus enviou-nos seu Filho para redimir-nos do pecado e seu Espírito para confortar-nos. Nós pecamos contra o sangue de Cristo, a graça do Espírito e não deveríamos chorar? O pecado contra o amor de Deus é pior do que o pecado dos demônios, porque a eles jamais foi oferecido a graça. Mas nós caímos e nos foi oferecida graça e ainda pecamos contra ela? Pecamos contra aquele que morreu por nós? Pecamos contra aquele que habita em nós?

c) Devemos chorar pelo pecado porque ele nos priva das coisas excelentes – O pecado nos priva do maior bem, a comunhão com Deus (Is 59:2). Quando pecamos não apenas a paz vai embora, mas Deus também vai embora. Não há comunhão entre trevas e luz. Quando choramos pelo pecado, ansiamos não apenas a volta das bênçãos, mas a volta de Deus (Ex 33). Devemos não apenas chorar, mas voltar-nos para Deus com choro (Jl 2:12). As lágrimas do arrependimento são como as águas do Jordão, elas nos purificam da nossa lepra. Devemos chorar não apenas para nos abster do pecado, mas para odiar o pecado.

3. Deve ser um choro pelo nosso próprio pecado

Feliz é aquele que chora pelo seu próprio pecado. O pecado nos faz pior da que uma serpente. A serpente não tem nada dentro dela senão o veneno que Deus mesmo pôs nela. O veneno é medicinal. Mas o pecador tem dentro de si o que o diabo pôs dentro dele. Pedro disse para Ananias: “Ananias, por que Satanás encheu o seu coração para você mentir ao Espírito Santo?” (At 5:3). Nós temos em nós todas as sementes daqueles pecados que condenam as pessoas ao inferno. Aquele que não chora pelos seus pecados perdeu completamente sua razão.

Será que Esdras errou quando orava fazendo confissão, “chorando prostrado diante da Casa de Deus?” (Ed 10:1). Será que Paulo errou ao gemer: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24). Há pouco choro pelo pecado em nós e entre nós. No dia 18/10/1740 David Brainerd escreveu em seu diário: “Em minhas devoções matinais minha alma desfez-se em lágrimas, e chorou amargamente por causa da minha extrema maldade e vileza.”

O choro pelo pecado deve ser um choro intenso. A palavra que Jesus usou é a mais intensa para o sofrimento. É a mesma palavra da dor do luto por quem amamos. Foi a palavra usada para o choro de Jacó por José. Pedro chorou amargamente depois de negar a Jesus. Esse deve ser o lamento pelo pecado dentro da igreja.

O que se opõe ao choro pelo pecado? Primeiro, é a dureza de coração ou coração de pedra (Ez 36:26). Um coração de pedra não pode se derreter em lágrimas. Esse coração é conhecido pela insensibilidade e pela inflexibilidade. A Bíblia nos exorta a não endurecermos o nosso coração (Hb 3:7,8). Hoje nós choramos pelos tempos difíceis, mas não pelos corações duros.

Muitos em vez de chorar pelo pecado, alegram-se nele – A Bíblia fala daqueles que se alegram de fazer o mal (Pv 2:14), daqueles que se deleitam na injustiça (2 Ts 2:12). Esses são piores do que os condenados que estão no inferno. Os ímpios que estão no inferno, não se deleitam mais no pecado. Ora se Cristo verteu o seu sangue pelo pecado, alegrar-nos-emos nele? O choro pelo pecado é o único caminho para nos livrarmos da ira vindoura.

4. Deve ser um choro pelo pecado dos outros

Davi chorou pelos pecados daqueles que desobedecem a Deus: “Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei”. Jeremias chorou a condição terrível de Jerusalém sendo destruída. Jesus chorou sobre a cidade impenitente de Jerusalém. Paulo disse: “Pois muitos andam entre nós…e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3:18).

Devemos chorar pelas blasfêmias da nação. Pela violação do pacto, pela profanação do nome de Deus, pela remoção dos marcos e dos absolutos. Devemos chorar pela escassez daqueles que choram. Devemos chorar pela frieza da igreja. Devemos chorar pela falta de choro pelo pecado na igreja. Devemos chorar por causa dos escândalos que afastam as pessoas de Deus e do evangelho.

III. QUAIS SÃO OS MOTIVOS PARA ESSE CHORO

1. O choro pelo pecado é o melhor uso das lágrimas

Se você chorar apenas por perdas de coisas materiais, você desperdiçará suas lágrimas. Isso é como chuva sobre a rocha, não tem benefício. Mas o choro do arrependimento é composto de lágrimas bem-aventuradas, de lágrimas que curam, que libertam.

2. O choro pelo pecado é uma evidência da graça de Deus

O choro pelo pecado é um sinal do novo nascimento. Assim como a criança chora ao nascer, aquele que nasce de novo também chora ao pecar. Um coração de pedra jamais se derrete em lágrimas de arrependimento. Só um coração de carne, é sensível à voz de Deus.

Aqueles que nascem do Espírito, que têm um coração quebrantado, têm também tristeza pelo pecado.

3. O choro pelo pecado é precioso

Quando a mulher pecadora lavou os pés de Jesus com suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos, podemos afirmar que suas lágrimas foram um unguento mais precioso do que o melhor perfume. Quando os nossos corações se quebram amolecidos pela graça, então, o perfume das nossas obras trescalam suavemente. A Bíblia diz que há alegria no céu por um pecador que se arrepende (Lc 15:7). As lágrimas clamam com eloquência pela misericórdia. Jacó orou e chorou e prevaleceu com Deus e com os homens (Os 12:4). As lágrimas derretem o próprio coração de Deus.

4. O choro pelo pecado produz alegria

O choro pelo pecado é o caminho da verdadeira alegria. Davi, o homem de lágrimas, foi também o mais doce cantor de Israel. “Minhas lágrimas foram o meu alimento” (Sl 42:3). As lágrimas do penitente são mais doces do que todas as alegrias mundanas. Quando Ana chorou diante de Deus, ela voltou para a sua casa com um brilho em seu rosto e com a vitória de Deus em sua vida.

5. O choro pelo pecado agora, previne o choro no inferno depois

O inferno é um lugar de choro e ranger de dentes (Mt 8:12). Mas, agora, Deus recolhe as nossas lágrimas no seu odre (Sl 56:8). Agora Jesus diz: “Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar” (Lc 6:25). Agora as lágrimas são bem-aventuradas lágrimas. Agora é o tempo certo de chorar pelo pecado. Agora o choro é como chuva da primavera. Mas se não chorarmos agora, iremos chorar tarde demais!

É melhor derramar lágrimas de arrependimento do que lágrimas de desespero. Aquele que chora agora é bem-aventurado. Aquele que chora no inferno é amaldiçoado. Aquele que destampa as feridas da alma e chora pelo pecado livra a alma da morte eterna.

O choro pelo pecado pavimenta a estrada para a Nova Jerusalém. Para entrar no céu não basta ir à igreja, dar esmolas, fazer caridade. O único caminho é você chorar pelos seus pecados e receber a consolação da graça em Cristo. Jesus disse: “Se porém não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”. Só um remédio que a cura a doença mortal da alma, o verdadeiro arrependimento.

6. O choro pelo pecado é temporal e finito

Depois de um tempo de choro, haverá um perpétuo consolo. No céu o odre de Deus contendo as nossa lágrimas será completamente esvaziado. Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima (Ap 7:17;21:4). Quando o pecado cessar, as lágrimas também cessarão. “O choro pode durar a noite inteira, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30:5).

IV. QUAIS SÃO OS OBSTÁCULOS PARA ESSE CHORO

1. O amor ao pecado

O amor ao pecado faz o pecado saboroso e torna o coração endurecido. Jerônimo disse que amar o pecado é pior do que praticar o pecado. Uma pessoa pode ser surpreendido na prática do pecado inadvertidamente (Gl 6:1). Como você pode entristecer-se pelo pecado, se você ama o pecado? Tenha cuidado com a doçura do veneno. O amor ao pecado mantém você longe da graça.

O pecado é maligníssimo. Há a semente da morte e do inferno em todo pecado. O salário do pecado é a morte. Amar o pecado é amar a morte e o inferno.

2. O desespero pelo pecado

O desespero afronta a Deus, subestima o sangue de Cristo, rejeita a graça e destrói a alma. O desespero diz para você: Não tem mais jeito, não tem mais saída, não tem mais esperança. O desespero é fruto do seu coração enganoso e da mentira do diabo. O desespero apresenta Deus para a alma como um juiz carrasco. O desespero de Judas foi pior do que o seu pecado de traição. O desespero fecha a porta da misericórdia e destrói o arrependimento, o único fundamento da misericórdia. A Bíblia diz que é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento (Rm 2:4).

3. A presunção da misericórdia

Muitos não choram pelo pecado agora, porque estão falsamente confiando na misericórdia de Deus no dia do juízo. É um profundo engano você repousar na misericórdia de Deus enquanto anda nos seus pecados. A Bíblia diz: “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55:7).

Muitos pensam que Deus esqueceu e perguntam: “Onde está o Deus do juízo?” (2 Pe 3:9). Ah! Dia do juízo! Deus vai julgar suas palavras, suas obras, sua omissão e seus pensamentos! Você vai querer fugir da ira de Deus! Você já pensou na possibilidade de Deus dizer para você: Basta! Chega! É só mais um pecado é será o seu fim! É um terrível perigo abusar da paciência de Deus.

Não há misericórdia sem abandono do pecado, e não há abandono do pecado sem choro pelo pecado.

4. A procrastinação no pecado

Jesus disse que aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus (Jo 3:36). Você acha cedo demais para deixar o pecado, mesmo estando sob a ira de Deus? Você acha cedo demais para chorar pelo pecado, mesmo estando sob a potestade de Satanás (At 26:18)? Você vai deixar para o fim, para o leito da enfermidade para chorar pelos seus pecados? Você não sabe que é a bondade de Deus que conduz você ao arrependimento? Você, porventura, já não ouviu Deus dizer: “Se hoje ouvirdes a minha voz, não endureçais o vosso coração”?

V. QUAL É O CONFORTO OFERECIDO AOS QUE CHORAM ESSE CHORO

1. O choro precede o conforto, assim como a limpeza da ferida precede a cura

Deus guarda o seu melhor vinho para o fim. O diabo faz o contrário. Ele mostra o melhor primeiro e guarda o pior para o fim. Primeiro ele mostra o vinho resplandecente no copo, depois o vinho morde como uma serpente (Pv 23:31,32). O diabo mostra o pecado como atrativo, colorido, gostoso, doce ao paladar, e só no fim a tragédia que ele provoca. O diabo mostrou a Judas o valor das 30 moedas de prata, o preço de um campo. Ele mostrou a isca, depois o fisgou com o anzol. Primeiro, ele mostra a coroa de ouro, depois mostra os dentes de leão (Ap 9:7,8).

Mas Deus depois mostra o pior primeiro. Primeiro ele prescreve o choro, mas depois ele promete: sereis consolados!

2. As lágrimas do arrependimento não são lágrimas perdidas, mas sementes do conforto

Aquele que sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo os seus feixes (Sl 126:5). Cristo tem o óleo da alegria para derramar sobre aqueles que choram. Cristo transforma o odre de lágrimas em vinho novo de alegria. O choro pelo pecado é a semente que produz a flor da eterna alegria.

O vale de lágrimas conduz-nos ao paraíso da alegria. Jesus disse: “A vossa tristeza se converterá em alegria” (Jo 16:20).

O conforto que Deus dá é fundamentado em profunda convicção (Jo 16:7,8). Ele é puro, doce, santo, abundante, glorioso. Pedro fala da alegria indizível e cheia de glória (1 Pe 1:8).

O conforto que Jesus promete é poderoso. A alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8:10). Esse conforto floresce até no meio da aflição. Os crentes de Tessalônica receberam a Palavra no meio de muita aflição, com alegria (1 Ts 1:6). Esse conforto faz você gloriar-se nas próprias tribulações (Rm 5:3). Esse é um conforto imortal.

3. Por que, então, alguns crentes ainda sentem a falta desse conforto?

a) Porque eles choram, mas não as lágrimas do arrependimento – Eles vão para as lágrimas, mas não para Cristo. As lágrimas não são o fundamento do nosso conforto, mas o caminho para ele. O choro não é meritório. Ele é o caminho para a alegria, não a causa da alegria. O verdadeiro conforto só pode vir de Cristo.

b) Porque eles se recusam a ser consolados – Há pessoas que se entregam à tristeza, ao lamento, à amargura e se recusam a ser consoladas (Sl 77:2).

c) Porque eles adiam o projeto da felicidade apenas para o futuro – O projeto de Deus não é fazer de você uma pessoa feliz apenas no céu, mas a caminho do céu. Você já é feliz agora. Você é feliz enquanto chora, porque chora. Embora sua alegria aqui ainda não esteja completa, ela já é genuína, verdadeira e real. Macarios fala da alegria de Deus, da alegria suprema, da felicidade absoluta.

4. A natureza do conforto que teremos no céu

A Bíblia diz que na presença de Deus há plenitude de alegria (Sl 16:11). Haverá um dia em que os salvos estarão vivendo no novo céu e na nova terra, onde da praça da cidade, corre o rio da vida, onde está o trono de Deus, onde Deus enxugará dos nossos olhos toda a lágrima.

A Bíblia descreve esse conforto dos salvos no céu como uma festa, a festa das bodas do Cordeiro, onde vamos descansar das nossas fadigas (Ap 14:13).

Como a Bíblia descreve essa festa?

1) O dono desta festa é Deus – Esta festa é a festa das bodas do Filho do Rei. Será uma festa magnificente, gloriosa.

2) Esta festa será incomparável em termos de alegria e provisão – O próprio Jesus levará sua noiva ao banquete. Quantas iguarias especiais teremos no novo céu e na terra. Todos os cardápios servidos nessa festa serão deliciosos. Não haverá falta de coisa alguma deliciosa nessa festa. Quem alimentar-se nessa festa nunca mais terá fome. Quem beber nessa festa nunca mais terá sede.

3) Esta festa será incomparável em termos da companhia dos convidados – Lá estarão os salvos, os anjos, os querubins, serafins. Cristo mesmo lá estará como dono da festa e como nosso anfitrião. Estaremos na incontável assembleia dos santos (Hb 12:22). Seremos uma só família, um só rebanho.

4) Esta festa será incomparável em termos de música – Será a festa do casamento do Noivo como a igreja. Os coros angelicais estarão apostos. As trombetas celestiais estarão afinadas. Um coro cósmico levantará sua voz em exaltação a Deus e ao Cordeiro (Ap 5:12-13). Uma gloriosa música encherá os céus e a terra (Ap 15:2-3).

5) Esta festa será incomparável em termos do lugar onde será celebrada – Esta festa será no paraíso de Deus (Ap 2:7). A cidade santa cujo fundamento são pedras preciosas, cuja praça é de ouro, cujas portas são de pérola, cuja claridade procede do Cordeiro. Esta festa dar-se-á na Nova Jerusalém. A cidade mede 2.400 Km de largura por 2.400 Km de comprimento. É maior do que qualquer cidade do mundo. Ela tem espaço para todos os convidados para as bodas.

6) Esta festa será incomparável pela sua duração – Esta festa não terá fim. Ela nunca acabará. Aqueles que se assentarem nesse banquete nunca se levantarão da mesa. Teremos vestes brancas, coroas, nos assentaremos em tronos, reinaremos com o Rei da glória para sempre e sempre! Oh! bendito conforto para aqueles que agora choram pelos seus pecados.

CONCLUSÃO

As lágrimas do arrependimento têm rolado em sua face? Você se entristece por entristecer o Espírito Santo? Suas lágrimas são de revolta contra Deus ou de náusea pelo pecado?

Espero que você seja um dos que choram, porque a vontade de Deus é que você seja consolado.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

CULPA





  Introdução

Todos nós sofremos com a culpa. Alguns hoje, outros ontem e muitos amanhã. Desde a queda, o homem sofre com a culpa (Gn 3:8-12). Embora haja a culpa procedente, a maior parte das pessoas sofre de sentimento de culpa improcedente, ou seja, quando na realidade ela não fez nada, mas sente que fez e se sente culpada - como no caso de filhos que se culpam pela separação dos pais; pessoas que se sentem culpadas por terem deixado que adultos abusassem sexualmente delas, quando eram crianças; mulheres que se sentem culpadas por terem sofrido estupro, etc. Há muitas pessoas com esse problema. Entretanto, vamos nos deter na culpa gerada pelo próprio pecado. Esta lição está baseada e adaptada do livro: Aconselhamento Cristão, Gary Collins, Ed. Vida Nova, p.100 -110

I - Tipos de culpa

Segundo os especialistas em aconselhamento bíblico, existem dois tipos de culpa.
I. A culpa real. É a culpa que existe porque uma lei foi quebrada, independentemente de sentir-nos culpados ou não. Os tipos de culpa real são quatro.

A) Culpa legal. Quando uma lei é quebrada. Ex.: ultrapassar o sinal vermelho ou roubar um chocolate no supermercado. Perante a lei, aquele que assim proceder é culpado, independente de ser apanhado ou sentir remorso.

B) Culpa social. Quando quebramos uma lei não escrita, mas socialmente imposta. Ex.: fazer fofoca, fazer uma brincadeira de mau gosto ou comporta-se com grosseria. Nenhuma lei é quebrada e talvez não cause nenhum remorso, mas feriu o código ético social.

C) Culpa pessoal. Quando não fazemos o que é correto. Ex.: não devolver o troco que foi dado a mais, colar numa prova ou ignorar alguém necessitado. Sentimos ou não culpa, mas temos certeza que não foi correto o que fizemos.

D) Culpa bíblica. Quando uma lei de Deus é quebrada. A Bíblia chama essa condição de "pecado".

2. A culpa sentida

É o sentimento desconfortável, remorso ou vergonha que surge com frequência quando falamos, fazemos ou pensamos algo errado, ou deixamos de fazer o que entendemos ser o correto. Como resultados do sentimento de culpa surgem o desânimo, a ansiedade e o medo do castigo.

Quando o sentimento de culpa pelo pecado nos aflige, ele tem um propósito benéfico: serve de aviso de que alguma coisa está errada no nosso relacionamento com Deus ou com os outros.

II  - A Bíblia e a culpa
Na Bíblia, encontramos pouca diferença entre ser culpado e haver pecado. A pessoa é culpada, no sentido bíblico, quando desobedece a uma lei ou a um princípio da Palavra de Deus. O propósito é espiritual, pois visa estimular o ser humano a mudar de comportamento e buscar o perdão de Deus, além de ajudar a resolver conflitos com outras pessoas. Por outro lado, existe um falso sentimento de culpa (complexo de culpa), quando a pessoa coloca sobre ela pesos e cobranças que o próprio Deus não faz.



I. Complexo de culpa versus tristeza construtiva (2Co 7:6-10)
Nessa passagem, Paulo contrasta a "tristeza segundo o mundo" com a "tristeza segundo a vontade de Deus", que é uma tristeza construtiva, pois leva a uma mudança positiva.
Tristeza segundo Deus: tristeza construtiva (v.  10a) - produz arrependimento para salvação.
Tristeza segundo o mundo: (v. 10a) - produz morte.




Complexo de Culpa
Tristeza Construtiva
Pessoa focalizada
Você
Deus e outros
Atitude Focalizada
Erros do passado
Prejuízo causados a outros e vontade de realizar obras corretas no futuro.
Motivação para a mudança
Evitar sentimentos negativos (complexo de culpa)
Ajudar outros. Promover o próprio crescimento. Fazer a vontade de Deus.
Reação
Ira,frustração e autocritica
Amor respeito combinados com preocupação
Resultado
  • Mudança externa ( Temporária )
    • Falta de crescimento
    • Mais Culpa
Arrependimento e mudança baseados numa atitude de amor e respeito mútuos
    2. Um exemplo
    Imagine que você vai ouvir música com um amigo e, acidentalmente você liga o aparelho dele na voltagem errada. O complexo de culpa nos leva a ter a seguinte reação: "Me desculpe. Veja como sou desastrado. Que situação horrível!". O ofensor se sente tolo e cheio de auto-crítica. Mas, a tristeza construtiva leva a pessoa a ter outra reação: "Sinto muito. Vou buscar o meu aparelho de som e deixarei com você enquanto o seu estiver no conserto". A tristeza construtiva visa reparar o dano causado ou erro cometido, sem levar a pessoa a ter uma sensação de que o mundo acabou.

    III -  As causas da culpa
    1. Causas legítimas
    A) Desobediência à Palavra. A Bíblia é o padrão para identificar a culpa (Rm 2: 1-2).
    B) Pecados não confessados fazem com que o crente se sinta culpado e não perdoado (I Jo 1:9).
    C) Conflitos não resolvidos. Quando negamos conceder perdão ou pedir perdão (Mt 6: 14-15).
    D) Satanás. Causa sentimentos de culpa através da acusação (Ap 12: I O).

    2. Causas não-legítimas
    A) Peso de consciência. A consciência não é um guia de confiança (I Co 10:29; ITm 4:2; IJo 3:20).
    B) Desejo de agradar a todos. A pessoa sente culpa por ter que contrariar alguém ou por dizer "não".
    C) Perfeccionismo. Muitas vezes o crente estabelece um padrão moral ou espiritual de vida que nem o próprio Deus exige dele (Dt 10: 12:13 - em lugar de Israel, coloque o seu nome).
    A) Engano ministrado por falsos mestres (At 20:29-30).
    3. Perguntas para discernir o falso sentimento de culpa
    b) Sinto peso de culpa porque desobedeci algum princípio bíblico?
    c) Continuo sentindo peso de culpa, mesmo depois de ter confessado meu pecado?
    d) O sentimento se relaciona a um padrão perfeccionista que estabeleci para mim mesmo?
    e) O sentimento vem porque tenho medo de ser frio e não me sentir culpado de nada?
    "Carregar falsos sentimentos de culpa é pior do que carregar os verdadeiros" (Autor Desconhecido).

    III – Efeito da Culpa
    O ser humano reage de diversas formas ao sentir-se culpado por algo que fez ou deixou de fazer.
    I. Reação de defesa
    O indivíduo culpa os outros para justificar seus atos, fica zangado e nega sua responsabilidade.
    2. Reação de auto condenação Ansiedade, baixa estima, pessimismo, insegurança e autopunição.
    3. Reação social
    Afasta as pessoas e se afasta delas. Torna-se crítico demais e isolado.
    4. Reação física
    Por causa da tensão, o corpo sofre e enfraquece.
    5. Reação de arrependimento e perdão Os efeitos da culpa não são todos negativos. Alguns aprendem a se conscientizar de seus erros, a melhorar através deles, a confessar-se a Deus e aos outros, e alegrar-se na segurança de que "se confessamos nossos pecados, ele é fiel e usto para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I Jo I :9).
    'I - Como tratar a culpa (SI 32)
    o Salmo 32 é um bálsamo para aquele que busca o perdão de Deus. Veja o que nos ensina.
    I. A culpa é uma doença moral, por isso o tratamento é espiritual (SI 32: 1-2)
    Nesse Salmo, Davi nos ensina que a culpa surge por causa de fracassos morais não-confessados e não perdoados. Em outras palavras, a culpa é uma doença moral capaz de afetar a mente, a alma e o corpo do ser humano. O primeiro ser humano a senti-Ia foi Adão, e desde então seus descendentes sofrem física e emocionalmente as conseqüências de seu erro. Mas essa doença tem cura. Deus Se compromete, em Cristo, a apagar os pecados confessados usando o perdão e a justificação. E o resultado do tratamento é a alegria verdadeira (bem-aventurado). Vejamos o caso apresentado em João 8:3-11, no qual uma mulher foi apanhada em adultério. Ela era culpada e se sentia dessa forma, mas Jesus não era como os demais que queriam condená-Ia. Ele não aprovou seu pecado nem abaixou os padrões de Deus, mas ordenou­lhe com bondade e firmeza "vai e não peques mais". Mesmo nessas condições, Deus não nos rejeita.
    2. Arrependimento e confissão é o segredo do perdão (SI 32:3-4)
    Davi sofreu as consequências do pecado não confessado. Da mesma forma, muitos crentes experimentam sentimentos de culpa pouco saudáveis, que levam à depressão, perda da paz, medo, complexo de inferioridade, solidão, e um sentimento de rejeição não-verdadeiro por parte de Deus.
    3. Deus não espera de nós perfeição, mas disposição (SI 32:5-7)
    Deus espera de nós uma tentativa sincera de fazer a Sua vontade da melhor maneira que pudermos. Deus não está tão interessado no que fazemos ou deixamos de fazer, mas em quem realmente somos e em que estamos nos tornando. Aquele que é compassivo, também ama incondicionalmente e perdoará nossos pecados sem exigir de nós expiação ou penitência, pois a expiação e a penitência não são mais necessárias, porque Cristo já pagou pelos pecados humanos, " ... uma única vez, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus ... " (I Pe 3: 18).
    'I J - Prevenir
    é melhor que culpar-se
    Há determinadas atitudes que devemos tomar ante o sentimento ou o complexo de culpa com as quais beneficiaremos a nós mesmos e ao próximo.
    I. Ensinar a doutrina bíblica do perdão. A melhor maneira de aprender é experimentar e praticar.
    2. Mostrar a diferença entre complexo de culpa e tristeza construtiva.
    3. Ajudar os irmãos a compreender que Deus conhece nossas fraquezas e não nos rejeita por causa delas, mas perdoa, ajuda e restaura com amor, todo aquele que arrependido confessa seu pecado a Ele.
    4. Examinar à luz da Bíblia as expectativas e padrões de "certo e errado". O que eu penso ser "certo" é certo porque a Bíblia diz, ou porque eu penso assim? Da mesma forma para o que eu penso ser "errado".
    S. Lembrar que os sentimentos de culpa pelo pecado não são maus, pois podem nos estimular a confessar o pecado ou a resolver um conflito de relacionamentos.
    6. Pedir ajuda adequada, quando se sentir incapaz, não-perdoado ou rejeitado. A pergunta é: como ajudar as pessoas que recisam de arrependimento sem criar nelas um complexo de culpa?" Lembre-se que há psicólogos cristãos, devidamente preparados para lidar com o complexo de culpa.

    CONCLUSÃO:
    A reação construtiva diante da culpa deve ser o arrependimento, a confissão e o abandono do pecado, independente de achar-se digno ou indigno, limpo ou sujo ou sentir-se rejeitado por Deus. Se não há arrependimento, confissão e abandono do pecado, Satanás vai conseguir que o sentimento de culpa seja um aliado em seu propósito de afastar-nos de Deus.

    Devemos acreditar que a solução final para a culpa e os sentimentos de culpa é admitir nossa culpa, confessar o pecado a Cristo e, quando necessário, aos outros, e então crer que com a ajuda de Cristo, somos perdoados e aceitos por Deus. E Ele, nos ajudará a aceitar, amar e perdoar tanto a nós mesmos como aos outros. A culpa do crente já foi removida na cruz do Calvário, por iniciativa do Senhor. E, com a ajuda do nosso Salvador, temos um meio de tratar os sentimentos de culpa.
    "O propósito do perdão de Deus não é apenas aliviar a nossa consciência, mas nos dar uma vida plena."

    Inferioridade e Auto – Estima



    Introdução

        Vez por outra, a visão errônea sobre nós impede que vivamos bem conosco, com os outros, com Deus e Sua igreja. O conceito que temos sobre o que somos, nossos pontos fortes e fracos, as habilidades e o valor que atribuímos a eles podem fazer toda a diferença para o viver em abundância que o evangelho nos propõe.

        Temos vivido tempos em que a imagem externa tem sido extremamente valorizada. Tempos em que somos frequentemente comparados com modelos superficiais. O número de academias de ginástica tem aumentado em função da procura, não apenas pelo interesse por uma qualidade de vida melhor, mas em busca de uma aparência que atenda ao padrão que a mídia tenta impor. A moda dita regras que tem a capacidade de direcionar nossos gostos e gastos. É comum ouvirmos pessoas que dependem da opinião alheia como ponto de referência do que é certo. Isso tudo tem um preço, que por vezes vai além do que podemos suportar. Quantas vezes nos vestimos ou usamos determinado acessório, não por gostarmos, mas apenas para estar na moda, ou agradar a outras pessoas! Poucos se interessam pelo que somos, mas pelo que ostentamos ou aparentamos ser ou ter. Aliás, há quem considere fraqueza ou ingenuidade pontos que sob o referencial bíblico são louváveis. Vamos avaliar e encontrar a resposta.

     I - Existe diferença entre autoconceito, auto-imagem e auto-estima?

        Todos temos um conceito próprio que pode coincidir com o que realmente somos ou não. Alguns nem percebem que tal conceito é puramente teatral, fruto de um personagem que personificamos e que não tem nada a ver com o que Deus projetou. Há pessoas que procuram demonstrar que são calmas, quando, na verdade são extremamente nervosas, mas tal atitude não se mantém por muito tempo. Cedo ou tarde a verdadeira personalidade é revelada.
    Adicionar legenda


        Quando avaliamos nossa competência e relevância, e a influência que exercemos no meio em que vivemos, aí sim, estamos lidando com nossa auto-estima. Essa avaliação deve ser equilibrada e requer maturidade para alcançar resultados confiáveis. A hipervalorizarão ou hipo-valorização própria são sinais de instabilidade emocional e ou espiritual, além de provavelmente terem raízes mais profundas que pensamos.

    II -  Auto-estima versus inferioridade

        Nunca seremos o tempo todo confiantes ou inseguros. No decorrer da vida, passaremos por alta auto-estima ou baixa auto-estima, provocados por nós mesmos, por outras pessoas ou por Satanás. Sentimentos como soberba, orgulho, vaidade, auto-desprezo, inferioridade, baixa auto-estima não estão em consonância com o que Deus orienta em Sua Palavra. Devemos estar atentos para não cairmos como o Rei Nabucodonozor, que iludido com seu pseudopoder desceu ao patamar de um animal, e nem pensarmos como Samuel que julgou que o filho de Jessé a ser ungido rei seria o mais forte, alto e bonito, pois Deus vê o coração.

    III - Causas de inferioridade
    Alguns fatores podem interferir em nossa auto-estima.

    1. O relacionamento entre pais e filhos
    Sabemos quanto é importante para o filho saber o que seus pais pensam dele. Sua auto-estima será diretamente proporcional, em grande parte, ao valor expresso por seus pais. Atitudes positivas como: elogios justificados, carinho, valorização, respeito e atenção vão gerar alta auto-estima; enquanto superproteção, frieza, distanciamento, cobranças além da capacidade do filho, certamente, provocarão sua baixa auto­estima.

    2. Nossa história, carregada de experiências
    Pessoas cujas histórias são marcadas pelo fracasso, tendem a desenvolver baixa auto­estima, falta de perspectiva quanto ao futuro, por só se avaliarem pelo pouco que deu certo.

    3. Pecado
    Culpa e remorso por contrariar os preceitos de Deus podem nos levar a uma autocrítica negativa e à decepção. Além disso, o fato de saber que desagradamos ao Pai nos deixa inseguros quanto à Sua aceitação, e nos vemos como pessoas indignas do perdão e do amor de Deus.

    4. Alvos inacessíveis
    Partindo de padrões irreais, podemos querer alcançar o que não temos estrutura ou meios, o que leva à frustração e sentimento de incapacidade e inferioridade ante os outros.


    IV -  Implicações da inferioridade

    Pessoas que sofrem de baixa auto-estima, que se sentem inferiores às outras, enfrentam problemas decorrentes da seguinte leitura de si próprios.

    1. Dificuldade de relacionamento com Deus
    Podemos nos sentir tão pequenos que achamos que nem mesmo Deus nos aceita e valoriza. Revoltamo-nos contra o que Ele não faz ou não muda, além de culpá-Lo pelo que somos. O amor eterno incondicional de Deus expresso em Jeremias 31:3 pode nos ajudar a que amemos a nós próprios e tenhamos um melhor relacionamento com o Senhor.

    2. Dificuldade de relacionamento com os outros
    Dá para imaginar quanto uma pessoa com baixa auto-estima pode tornar-se insuportável, rancorosa, amarga, reprimida e triste. O isolamento é uma consequência de tal comportamento. Muitas pessoas se utilizam dessa maneira de ser para chamar a atenção e manipular as pessoas; outras são incapazes de se sentirem amadas.

    3. Dificuldade de relacionamento consigo mesmo
    Muitas vezes a baixa auto-estima nos impede de ver quem e como realmente somos. Devemos sempre lembrar que, aos olhos do Pai, somos preciosos. Tanto que Ele deu Seu Filho para salvar-nos da perdição eterna. Ele também capacitou pessoas que podem nos ajudar quando atravessamos dificuldades. Pastores, conselheiros, psicólogos cristãos, irmãos em Cristo estão ao nosso alcance para obtermos ajuda, a fim de que tenhamos uma compreensão correta de quem somos e do que precisamos fazer para nos ajustar corretamente, de acordo com a Palavra de Deus.

    V - Implicações da supervalorização, orgulho e soberba

    “ A soberba precede a ruína" (Pv 16: 18). Esse sábio provérbio pode nos alertar quanto ao perigo de nos supervalorizar. Ter a consciência dos nossos talentos e reconhecermos o que fazemos bem não é soberba. Soberba é quando nos esquecemos que tudo o que somos e temos, devemos ao Senhor (Dt 8: I 1- 17 ; I Cr 29: 14; SI 24: I; 2Co 5: 18; Tg 4: 13-16), e esse pecado produz em nós a necessidade de louvor, reconhecimento e aplausos por parte dos outros.
    A "queda" é uma das grandes consequências da arrogância. Conviver com uma pessoa que é simplesmente the best, "o máximo" também é muito difícil. Tais pessoas não dão oportunidade para outros; são críticas, superficiais e não reconhecem o valor dos demais.


    VI - Alcançando a auto-estima adequada

    Na Palavra de Deus, encontramos o padrão, os parâmetros para dirigir cada setor de nossa vida, inclusive a parte psicológica. Nossa comunhão com Deus pode proporcionar uma verdadeira terapia. Ele nos conhece melhor que todos. Podemos nos abrir em cristalina transparência, pedindo cura e perdão, bem como o retorno ao projeto original de Deus para nós. Deleitar-nos na Bíblia que nos oferece grandes desafios de beleza espiritual é agir com sabedoria, não obstante nosso exterior, bens ou status.



    Precisamos redescobrir e pôr em prática orientações que encontramos na Palavra, como: perdão daqueles que provocaram a nossa baixa auto-estima. Por outro lado, não devemos culpar outros e abster-nos de responsabilidade, se a falha for nossa; é saudável resgatar dons, talentos e habilidades que de forma tão especial nos faz úteis na obra do Senhor. Ele nos deu esses dons e, como a própria Bíblia ensina, os que usarem bem seus talentos ganharão outros.


    Conclusão
    Deus tem uma maneira especial de ver Seus filhos. Mesmo que nós não nos valorizemos ou que outros não o façam, cada um de nós é precioso para o Senhor. Ele que nos criou, nos conhece e pode nos fazer desfrutar de um viver saudável, capaz de irradiar a Sua beleza. O pecado certamente interfere nesse processo. A soberba é pecado, mas ter auto-estima baixa é atitude contrária à de Deus. Devemos buscar equilíbrio e observar como temos tratado as pessoas e reconhecê-las como gostaríamos de ser tratados e reconhecidos.

    Discípulos um Atleta de Cristo


    As olimpíadas são maravilhosas! Que espetáculo! É o maior evento esportivo do planeta. Toda a programação é idealizada com um único objetivo:
    "Exaltar os vencedores". As modalidades esportivas são as mais variadas possíveis: natação, vôlei, futebol, corrida, etc. Em todas elas há os vencedores, aqueles que ficam com a tão sonhada medalha de ouro.
    Nós, cristãos, também participamos de uma olimpíada, e nela podemos ser classificados ou desclassificados. Precisamos nos esforçar perseverar, transpor obstáculos se quisermos ser classificados. 

    o apóstolo Paulo comparou a vida cristã a uma olimpíada. Vejamos o que ele escreveu em sua carta aos coríntios: "Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre. Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar. “Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado”
    (I Co 9:24-27 - NVI). 

    Nesta ministração, vamos destacar duas características dos atletas vencedores.
    Eles Possuem Disciplina
    A maioria das pessoas não gosta de ouvir a palavra disciplina. Talvez porque ela nos leve a pensar em algo que irá nos prejudicar nos forçar a mudanças ou talvez qualquer outra coisa que não seja agradável. O que vem à sua mente quando você ouve esta expressão: "Precisamos ter disciplina"?
    Os atletas que aspiram participar de uma olimpíada precisam submeter-se a um treinamento rigoroso, controlar a alimentação, o peso, o tempo de repouso, o tempo de treinamento, etc. Enfim, precisam de muita disciplina.
    A revista Veja trouxe matéria interessante sobre um dia na vida da Seleção Brasileira de Ginástica Olímpica Feminina. Vejamos como é o dia dessas atletas.
    O treino começa pontualmente às 8 horas. As ginastas fazem aula de balé até as 9 horas. Às 9h30_começam as séries de exercícios. Após o primeiro período de treinos, as ginastas almoçam às 12 horas. O cardápio é composto de frango com salada. As que estão acima do peso são obrigadas a fazer uma refeição diferenciada, sob a vista dos técnicos. Às 13h 15 as atletas têm aulas particulares nas próprias dependências do ginásio onde realizam os treinos. Antes do segundo período de treinos as ginastas são obrigadas a se pesar (15 horas). São três pesagens por dia: de manhã, a tarde e à noite. Às 18 horas findam os treinamentos e dá-se início à fisioterapia, pois muitas atletas sentem dores e recebem anti-inflamatórios. Finalmente, às 19 horas as atletas vão à faculdade. 

    E quanto a nós, cristãos, quais são as disciplinas necessárias para sermos vitoriosos? O autor Richard J. Foster em seu livro, Celebração da Disciplina, classifica os vários tipos de disciplinas como sendo "interiores, exteriores e associadas", as quais são relevantes para o nosso desenvolvimento emocional, intelectual e espiritual. Comentemos sobre as "disciplinas interiores".
    Meditação - A meditação cristã é uma busca por esvaziar a mente dos assuntos terrenos a fim de enchê-Ia com a Palavra de Deus (SI 63:6; Gn 24:63).
    Oração - "Se não estivermos dispostos a mudar, abandonaremos a oração como característica perceptível de nossas vidas" (At 6:4;Lcll:I). 

    Jejum - "Em vários aspectos seu estômago é como uma criança mimada, e as crianças mimadas não precisam de presentes, precisam de disciplina" (SI 35: 13; Ed 8:21-23; Mt 6: 16; At 13:2,3).
    Estudo - "Daqui a cinco anos você estará bem próximo de ser a mesma pessoa que é hoje, exceto por duas coisas: os livros que ler e as pessoas de quem se aproximar" (Jo 8:32; SI 119:9,11; Dt 1:18).
    O renomado escritor russo Leon Tolstói observou: "Todos pensam em mudar a humanidade e ninguém pensa em mudar a si mesmo".
    Eles possuem Perseverança
    Segundo o dicionário, o termo perseverança significa: "persistência, continuação; constância; insistência; teimosia". Facilmente, podemos ver esta palavra e os seus significados na conduta dos atletas, pois justamente por ela é que eles têm cada vez mais quebrado os recordes mundiais em várias modalidades. 

    E nós, atletas de Jesus Cristo, temos perseverado? 

    Temos batido novos recordes pessoais espirituais? 

    A Bíblia nos diz que Deus não tem prazer naqueles que desistem no meio da olimpíada, "Se retroceder, nele não se compraz a minha alma" (Hb 10:38). 

    Conforme Hebreus 12: I, existem pesos e pecados que podem nos impedir de ser perseverantes, de correr bem a carreira que nos está proposta. Os maratonistas têm buscado usar equipamentos cada vez mais leves, de maneira que os auxiliem a concluir bem a corrida. Eles sabem a importância do peso que carregam consigo.
    Nós estamos atentos para os pesos desnecessários que tantas vezes carregamos? Talvez eles sejam: namoro com descrente; amigos que não compartilham da mesma fé cristã; emprego que não glorifica a Jesus; músicas ouvidas e vez por outra cantadas; assunto que absorve o tempo na internet ou à frente da Tv. Os interesses próprios podem significar um grande peso e logo se transformar em pecado, se permitirmos que o egoísmo nos domine. 

    A nossa grande luta é discernir o que é peso e o que é pecado, pois eles andam bem próximos um do outro. Porém, tanto um quanto outro nos atrapalham na corrida. 

    Conclusão
    Os atletas das olimpíadas recebem medalhas de ouro, prata ou bronze. Porém, em pouco tempo eles e suas medalhas transformam-se em apenas lembrança do passado. Os atletas de Jesus Cristo receberão não uma medalha, mas sim uma coroa incorruptível (I Co 9:25). Ela é um prêmio para a eternidade, que não ficou presa a um passado e que não vai ser esquecida no futuro: a coroa da salvação em Cristo Jesus!

    quarta-feira, 22 de maio de 2013

    A BUSCA DA RESTAURAÇÃO


    Referência: Joel 2.12-17
     INTRODUÇÃO
    Hoje quero falar sobre a necessidade da restauração da igreja. Deus chamou a igreja do mundo para enviá-la de volta ao mundo como luz. A igreja é tão diferente do mundo como a luz é diferente das trevas. A igreja não foi chamada para ser influenciada pelo mundo. Ela não foi chamada para imitar o mundo. Ela não foi chamada para amar o mundo.
    Mas a igreja hoje está exatamente como o povo de Israel, imitando a vida dos povos ao seu redor. Por isso, a igreja tem perdido o seu poder espiritual. Martyn Lloyd-Jones diz que só vamos influenciar e ganhar o mundo quando formos exatamente diferentes do mundo. No Brasil a igreja evangélica está crescendo mas não influenciando o mundo. A igreja tem extensão, mas não profundidade. Tem números, mas não santidade. Tem quantidade, mas não qualidade.
    A igreja está se acostumando com o pecado. E o pecado atrai a ira santa de Deus. O pecado provoca o juízo de Deus. O profeta Joel está tocando a trombeta do juízo de Deus no capítulo 2. Os gafanhotos, a seca, a fome e os exércitos invasores estão assolando Israel. Essa trombeta fala do juízo de Deus.
    I. A RESTAURAÇÃO COMEÇA COM A CONSCIÊNCIA DA CRISE QUE NOS CERCA – v. 1-11
    O profeta Joel entende que a crise é resultado do pecado do povo e do juízo de Deus contra o pecado. Como Deus vê a igreja hoje? Tem Deus prazer na vida do seu povo ao ver a sua infidelidade? Tem Deus prazer na vida do seu povo ao ver que as coisas do mundo nos atrai mais do que as coisas do céu. Tem Deus prazer na sua igreja ao ver que os crentes tem perdido seus absolutos, tem imitado o mundo e vivido apenas um religiosismo sem vida, sem santidade e sem poder?
    Deus não se impressiona com formas, com programas, com ritos, com cerimônias. Ele busca um povo santo, piedosos, fiel. Há pecados na igreja: 1) Falta de consistência espiritual – piedade na igreja e mundanidade em casa; 2) Falta de fervor espiritual – cansaço com as coisas de Deus e entusiasmo com as coisas do mundo. Falta de oração. Analfabetismo bíblico; 3) Falta de pureza moral – Crentes que abrigam imoralidade no coração, com pornografia, com namoros impuros, com festas mundanas; 4) Falta de amor nos relacionamentos – Crentes que são insubmissos aos pais, que são insensíveis com o cônjuge, que são frios no trato uns com os outros. 5) Falta de fidelidade na mordomia dos bens – Crentes que amam mais o dinheiro do que a Deus. Crentes que sonegam os dízimos, que roubam de Deus, que não investem no Reino.
    A restauração passa pela consciência da crise. A igreja está como Ziclague, ferida e saqueada pelo inimigo. A igreja parece com Sansão, um gigante que ficou sem visão e sem forças. Escândalos vergonhosos têm acontecido dentro das igrejas. A igreja está em crise na doutrina, na ética e na evangelização.
    O pecado nos torna fracos e afasta de nós a presença poderosa de Deus. Daí o começo da restauração passar pela consciência da crise.
    II. A RESTAURAÇÃO VEM COMO RESULTADO DE UMA VOLTA PARA DEUS – v. 12-17
    Qual é o processo dessa volta para Deus?
    1.É uma volta para uma relação pessoal com Deus – v. 12 “Convertei-vos a mim”
    O caminho da restauração é aberto quando voltamos as costas para o pecado e a face para Deus. Não é apenas um retorno à igreja, à doutrina, a uma vida moral pura, mas uma volta para uma relação pessoal com Deus. Os fariseus amavam mais a religião do que a Deus. Eles estavam mais apegados aos costumes religiosos do que a comunhão com Deus.
    A maior prioridade da nossa vida é Deus. Fomos criados para glorificarmos a Deus e desfrutarmos da sua intimidade. Hoje buscamos as bênçãos de Deus e não o Deus das bênçãos. Corremos atrás da bênção e não do abençoador. O nosso alvo é satisfazer a nós mesmos e não voltarmo-nos para o Senhor.
    Temos muita religiosidade e muito pouca intimidade com Deus. Conhecemos muito acerca de Deus, e muito pouco a Deus. Estamos envolvidos com a obra de Deus, mas não temos intimidade com o Deus da obra. Somos ativistas, mas não nos assentamos aos pés do Senhor. Deus está mais interessado em nossa relação com ele do que no nosso trabalho. Exemplo: Quando Jesus foi restaurar Pedro ele lhe deu uma lista de coisas para fazer, mas lhe perguntou: tu me amas? A volta para Deus é o primeiro degrau na estrada da restauração.
     2.É uma volta com sinceridade para Deus – v. 12 “de todo o vosso coração”
    Há muitos crentes que fazem lindas promessas para Deus depois de um retiro, depois de um congresso, depois de um culto inspirativo, mas logo se esquecem dos compromissos assumidos. O amor deles é como o orvalho, logo se dissipa. Os votos assumidos no altar de Deus, com lágrimas, já são esquecidos no páteo da igreja.
    O nosso cristianismo tem sido muito raso. Cantamos hinos de consagração, mas não nos consagramos ao Senhor. Cantamos que queremos ser um vaso de bênção, mas nos omitimos de falar de Jesus. Pedimos para que Jesus brilhe sua luz em nós, mas apagamos nossa luz imitando o mundo em nosso comportamento. Cantamos “tudo a ti Jesus entrego, tudo, tudo entregarei”, mas retemos os dízimos e as ofertas e fechamos o nosso coração ao necessitado. Honramos a Deus com os nossos lábios, mas o negamos com as nossas obras.
    Há aqueles que só andam com Deus na base do aguilhão. Só se voltam para Deus no momento em que as coisas apertam. Só se lembram de Deus na hora das dificuldades. Não se voltam para Deus porque o amam ou porque estão tristes com os seus pecados, mas porque não querem sofrer. A motivação da busca não está em Deus, mas neles mesmos. O centro de tudo não é Deus, mas o eu. Precisamos nos voltar para Deus para veler. Deus não aceita apenas uma religião formal, uma reforma exterior, um verniz espiritual.
    3.É uma volta com diligência para Deus – v. 12 “e isto com jejuns”
    Qual foi a última vez que você jejuou para buscar a Deus? Jejum não é greve de fome, não é regime para emagrecer, não é ascetismo nem meritório. O jejum é instrumento de mudança. Ele muda a nós, não a Deus.
    Devemos jejuar para Deus. Devemos jejuar para nos humilharmos diante do Senhor. Devemos jejuar para reconhecermos a falência dos nossos recursos. Devemos jejuar para buscarmos o socorro de Deus. O povo de Deus sempre jejuou. Quem jejua tem pressa. Quem jejua está ansioso por ver a intervenção de Deus.
    Josafá convocou a nação de Judá para jejuar e Deus libertou o seu povo das mãos do adversário. Nínive jejuou e Deus lhe concedeu libertação. Ester jejuou com o seu povo e Deus poupou a nação de um holocausto.
    Em 1756 o rei da Inglaterra convocou um dia solene de oração e jejum por causa de uma ameaça por parte dos franceses. João Wesley comentou as igrejas ficaram lotadas. A humilhação foi transformada em regozijo nacional porque a ameaça da invasão foi impedida.
    Visitei em 1997 a maior Igreja Metodista do mundo com 87 mil membros. O pastor fundador da igreja nos disse que os dois momentos mais significativos da igreja, foi quando ele se dedicou intensamente ao jejum.
    Quem jejua tem mais pressa em acertar a sua vida com Deus do que saciar as necessidades do corpo. Hoje os crentes têm pressa para correr atrás de seus próprios interesses. Precisamos de restauração.

    4.É uma volta com quebrantamento para Deus – v. 12 “com choro e com lágrimas”
    O povo de Deus anda com os olhos enxutos demais. Muitas vezes desperdiçamos nossas lágrimas, chorando por motivos fúteis demais. Outras vezes queremos remover o elemento emocional do culto. É por isso que estamos secos. Não choramos porque estamos endurecidos.
    Temos chorado como Jacó no vau de Jaboque buscando uma restauração em sua vida (Os 12:4)? Temos chorado como Davi chorou ao ver sua família saqueada pelo inimigo? Temos chorado como Neemias chorou ao saber da desonra que estava sobre o povo de Deus? Temos chorado como Jeremias chorou ao ver os jovens da sua nação desolados, vencidos pelo inimigo, e as crianças jogadas na rua como lixo? (Lm 1:16: 2:11). Temos chorado como Pedro por causa do nosso próprio pecado de negar o Senhor? Temos chorado como Jesus ao ver a impenitência da nossa igreja e da nossa cidade (Lc 19:41)?
    Conhecemos o que é chorar numa volta para Deus? Nosso coração tem se derretido de saudades do Senhor?
    5.É uma volta com sinceridade para Deus – v. 13 “Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes”
    Nessa volta para Deus não adianta fingir. O Senhor não aceita encenação. Ele não se impressiona com os nossos gestos, nossas palavras bonitas, nossas emoções sem quebrantamento. Diante de Deus as máscaras caem. Ele vê o coração.
    Para Deus não é suficiente apenas estar na igreja, ter um culto animado. É preciso ter um coração rasgado, quebrado, arrependido e transformado.
    Como é triste ver pessoas que passam a vida toda na igreja e nunca foram quebrantadas. Passam a vida toda representando um papel de santidade, mas são impuros. Fazem alarde da sinceridade, mas interiormente são hipócritas. Advogam fidelidade, mas no íntimo são infiéis.
    6.É uma volta urgente para Deus – v. 12 “Ainda assim, agora mesmo”
    A despeito da crise devemos nos voltar para Deus. A crise não deve nos empurrar para longe de Deus, mas para os seus braços. A frieza da igreja não deve ser motivo de desalento, mas de forte clamor e profunda determinação para nos voltarmos para Deus.
     Os tempos de restauração vem depois de um tempo de sequidão. O tempo de nos voltarmos para Deus é agora. A restauração é para hoje. O tempo de Deus é agora. Não podemos agir insensatamente como Faraó, pedindo a restauração da sua terra do juízo de Deus para amanhã (Ex 8:8-10). Muitos crentes estão também adiando a sua volta para Deus. AGORA é o tempo da graça e o tempo da visitação de Deus. AGORA é o tempo aceitável.
    O acerto de vida com Deus é urgente. O profeta Joel ordena: “Tocai a trombeta em Sião” (2:15). A trombeta só era tocada em época de emergência. Mas a trombeta é tocada em Sião e não no mundo. O juízo começa pela casa de Deus (1 Pe 4:17). Primeiro a igreja precisa voltar-se para o Senhor, depois o mundo o fará. A restauração começa na igreja e pela igreja e ela atinge o mundo. Quando a igreja acerta a sua vida com Deus, do céu brota a cura para a terra (2 Cr 7:14).
    III. A RESTAURAÇÃO VEM COMO RESPOSTA DA BENIGNIDADE DE DEUS – V. 13-14
    1.A restauração é resposta da misericórdia de Deus – v. 13 “porque ele é misericordioso…”
    Podemos esperar um tempo de restauração da parte do Senhor porque ele é infinitamente misericordioso. Ele tem prazer em perdoar. Ele tem prazer em restaurar. Na ira ele se lembra da sua misericórdia. Ele volta o seu rosto para nós.
    A esperança da restauração está fundamentada no gracioso caráter de Deus. Deus é misericordioso. Ele é compassivo. Ele é tardio em irar-se. Ele é grande em benignidade. Ele se arrepende do mal.
    2.A restauração é resposta do pacto de Deus conosco – v. 13 “convertei-vos ao Senhor, vosso Deus”
    O povo havia se desviado de Deus, mas ainda era o povo de Deus. Deus continua interessado na restauração do seu povo e ainda está comprometido com o seu imutável amor e propósito. Devemos nos voltar para Deus como o Deus do pacto. Ele é fiel. Ele jamais cessou de nos buscar, nos atrair, de nos chamar para ele. Somos o seu povo.
    IV. A RESTAURAÇÃO PASSA POR UMA VOLTA DO POVO TANTO COLETIVA COMO INDIVIDUAL AO SENHOR – V. 15-17
    Ninguém pode ficar de fora dessa volta para Deus. Todo o povo deve ser congregado. Toda a congregação deve ser santificada. Todavia o profeta começa a particularizar os que devem fazer parte dessa volta:
    1.Os anciãos devem se voltar para Deus – v. 16 “ajuntai os anciãos”
    A liderança precisa estar na frente, puxando a fila daqueles que têm pressa de voltarem para Deus. Os líderes são os primeiros a acertarem suas vidas com Deus. Os anciãos são os primeiros a colocarem o rosto em terra.
    A igreja é um retrato da sua liderança. Ela nunca está à frente dos seus líderes. Os líderes devem ser os primeiros a se voltarem para Deus com choro, com jujum, com o coração rasgado.
     2.Os jovens devem se voltar para Deus – v. 16 “reuni os filhinhos”
    As pressões sobre os jovens são muito grandes. Faraó tentou reter os jovens no Egito. Sansão deu uma festa regada a vinho porque era o costume dos jovens da sua época. Precisamos de jovens como José que preferem a prisão do que o pecado. Precisamos de jovens como Daniel que resolvem firmemente não se contaminarem. Precisamos de jovens como Timóteo que permanece nas Sagradas letras.
    O lugar de jovem curtir a vida é no altar de Deus. Só na presença de Deus há plenitude de alegria. Ilustração: Minha experiência na Igreja de Uberlândia.
    A volta para Deus é mais urgente para os jovens do que o casamento. “Saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento”.
    3.As crianças devem se voltar para Deus – v. 16 “reuni os que mamam”
    Até mesmo as nossas crianças precisam ser desafiadas a se voltarem para Deus. Precisamos trazer os nossos filhos à Casa de Deus e ensiná-los a buscarem ao Senhor. Não podemos entregar os nossos filhos à babá eletrônica. Temos que criá-los aos pés do Senhor e para a glória do Senhor.
    4.Os ministros devem se voltar para Deus – v. 17 “Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor… e orem: Poupa o teu povo, ó Senhor…”
    Nós pastores precisamos aprender a chorar pelo povo. Temos feito a obra de Deus com os olhos enxutos demais. Não podemos nos conformar com a crise. Não podemos nos conformar em ver a sequidão espiritual do povo de Deus. O choro precisa começar com os pastores. Os líderes precisam chorar e orar.
    Quando perguntaram para Moody qual era o maior obstáculo da obra, ele disse: “O maior obstáculo da obra são os obreiros.” Estamos vivendo uma crise pastoral no Brasil. Precisamos nos voltar para Deus e precisamos chorar por nós mesmos e pela vida do povo de Deus.
    V. A RESTAURAÇÃO PRODUZ RESULTADOS EXTRAORDINÁRIOS NA VIDA DO POVO DE DEUS – V. 18-32
    1.Quando Deus restaura a igreja, ele muda a sua sorte – v. 18-27
    Quando a igreja se volta para Deus e acerta sua vida com ele, ele se compadece do seu povo: ao invés de fome, há fartura (2:19,24). Ao invés de opresssão do inimigo, há libertação (2:20). Ao invés de seca, há chuvas abundantes (2:23). Ao invés de prejuízo, há restituição (2:25). Ao invés de vergonha, há louvor (2:26). Ao invés de lamentaçãoi e de solidão, há a plena consciência de que Deue está presente (2:26,27).
    2.Quando Deus restaura a igreja, ele derrama sobre ela o Seu Espírito – v. 28-32
    O derramamento do Espírito não vem antes, mas depois que o povo se volta para Deus. O derramamento é uma bênção abundante, segura e restauradora que vem sobre trazendo vida, vigor e poder para a igreja.
    O Espírito desceu no Pentecoste e a igreja saiu das quatro paredes para impactar o mundo. Antes os crentes estavam com medo dos judeus. Agora os judeus é que ficaram com medo dos crentes. Quando nos voltamos para Deus, ele se volta para nós e restaura a nossa sorte.

    Quando Deus dá Asas a Cobra



    Serpentes. Só a menção deste nome já causa arrepios em muita gente. Na primeira vez que morei na Flórida, tive que expulsar uma serpente que invadira nosso quintal. Vali-me do báculo episcopal que havia recebido em minha sagração a bispo. Recentemente, uma serpente negra, muito parecida com aquela que enfrentei, apareceu em nosso jardim. Tânia, minha esposa, tentou espantá-la, porém em vão. Sorte a nossa que essas serpentes negras, tão comuns nesta região da América, não são peçonhentas. Bem diferentes daquelas que, segundo a tradição, foram expulsas da Irlanda por Patrício, bispo cristão que viveu entre 385 e 461 d. C. Até hoje não há cobras em território irlandês. Segundo a lenda, a Irlanda era infestada de serpentes, até o dia em que Patrício as expulsou.
    Geralmente, acredita-se que sonhar com serpentes indica que alguém está sendo traído. Eu mesmo passei por uma experiência destas.
    Havia um pastor em nosso ministério em quem eu confiava cegamente. Eu o tinha como um filho, e um dos possíveis candidatos à minha sucessão. Minha confiança nele era tão grande, que deixei-o à frente da igreja que eu mais amava. Prestes a viajar para o Exterior, tive uma sensação horrível, e temi que algo fosse acontecer durante essa viagem. Convidei-o a ir à minha casa, e chamando-o ao meu quintal, disse-lhe o quanto confiava nele, e pedi para que, caso algo me acontecesse, ele jamais deixasse apagar a chama da mensagem da graça e do reino de Deus (ênfases em nosso ministério). Com lágrimas nos olhos, eu o abracei como um pai ao filho. Naquele momento, minha mente foi remetida a um sonho que havia tido dias antes. Sonhei que aquele mesmo quintal onde nos abraçamos, estava infestado de serpentes. Uma grande, e muitas pequenas. Não comentei o sonho com ele, mas senti que aquele abraço poderia encontrar paralelo com o beijo dado por Judas em Jesus. Tempos depois, esse mesmo pastor agiu traiçoeiramente contra o meu ministério, expondo-me publicamente com acusações infundadas. Infelizmente, ele não se arrependeu do que fez, embora lhe tivéssemos dado chance para tal, mas provocou a divisão de uma das nossas principais igrejas (que eu mesmo havia iniciado anos antes), contagiando aquele povo que tanto amávamos, provocando-o contra nós e o nosso ministério. Foi um dos momentos mais dolorosos que passei em toda a minha vida. Já havia sido traído antes, mas não por alguém que eu considerava um filho. Embora o tenha perdoado, confesso que ainda dói, principalmente quando lembro das lágrimas dos meus filhos diante daquela injustiça. A hemorragia se estancou, mas a ferida ainda está inflamada. Alguns dos que aderiram à rebelião, se arrependeram depois, procurando-me com pedidos de perdão, pois caíram em si e perceberam o que havia por trás de tudo aquilo: orgulho e ganância, tão característicos da natureza humana. 

    A serpente não é apenas símbolo de traição, como também é símbolo da malignidade de nossa própria natureza. Por isso, o salmista exclama: “Desviam-se os ímpios desde a mad
    Quando Deus dá Asas a Cobra
    Serpentes. Só a menção deste nome já causa arrepios em muita gente. Na primeira vez que morei na Flórida, tive que expulsar uma serpente que invadira nosso quintal. Vali-me do báculo episcopal que havia recebido em minha sagração a bispo. Recentemente, uma serpente negra, muito parecida com aquela que enfrentei, apareceu em nosso jardim. Tânia, minha esposa, tentou espantá-la, porém em vão. Sorte a nossa que essas serpentes negras, tão comuns nesta região da América, não são peçonhentas. Bem diferentes daquelas que, segundo a tradição, foram expulsas da Irlanda por Patrício, bispo cristão que viveu entre 385 e 461 d. C. Até hoje não há cobras em território irlandês. Segundo a lenda, a Irlanda era infestada de serpentes, até o dia em que Patrício as expulsou.
    Geralmente, acredita-se que sonhar com serpentes indica que alguém está sendo traído. Eu mesmo passei por uma experiência destas. 

    Havia um pastor em nosso ministério em quem eu confiava cegamente. Eu o tinha como um filho, e um dos possíveis candidatos à minha sucessão. Minha confiança nele era tão grande, que deixei-o à frente da igreja que eu mais amava. Prestes a viajar para o Exterior, tive uma sensação horrível, e temi que algo fosse acontecer durante essa viagem. Convidei-o a ir à minha casa, e chamando-o ao meu quintal, disse-lhe o quanto confiava nele, e pedi para que, caso algo me acontecesse, ele jamais deixasse apagar a chama da mensagem da graça e do reino de Deus (ênfases em nosso ministério). Com lágrimas nos olhos, eu o abracei como um pai ao filho. Naquele momento, minha mente foi remetida a um sonho que havia tido dias antes. Sonhei que aquele mesmo quintal onde nos abraçamos, estava infestado de serpentes. Uma grande, e muitas pequenas. Não comentei o sonho com ele, mas senti que aquele abraço poderia encontrar paralelo com o beijo dado por Judas em Jesus. Tempos depois, esse mesmo pastor agiu traiçoeiramente contra o meu ministério, expondo-me publicamente com acusações infundadas. Infelizmente, ele não se arrependeu do que fez, embora lhe tivéssemos dado chance para tal, mas provocou a divisão de uma das nossas principais igrejas (que eu mesmo havia iniciado anos antes), contagiando aquele povo que tanto amávamos, provocando-o contra nós e o nosso ministério. Foi um dos momentos mais dolorosos que passei em toda a minha vida. Já havia sido traído antes, mas não por alguém que eu considerava um filho. Embora o tenha perdoado, confesso que ainda dói, principalmente quando lembro das lágrimas dos meus filhos diante daquela injustiça. A hemorragia se estancou, mas a ferida ainda está inflamada. Alguns dos que aderiram à rebelião, se arrependeram depois, procurando-me com pedidos de perdão, pois caíram em si e perceberam o que havia por trás de tudo aquilo: orgulho e ganância, tão característicos da natureza humana.
    A serpente não é apenas símbolo de traição, como também é símbolo da malignidade de nossa própria natureza. Por isso, o salmista exclama: “Desviam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nascem, proferindo mentiras. Têm veneno semelhante ao veneno da serpente; são como a víbora surda, que tapa os ouvidos” (Sl.58:3-4). Não era em vão que Jesus se dirigia carinhosamente aos religiosos hipócritas de Sua época, chamando-os de “serpentes, raça de víboras!” (Mt.23:33).
    A figura da serpente habita o imaginário popular, deixando de ser apenas um réptil asqueroso e rastejante para tornar-se num poderoso arquétipo. A palavra 'arquétipo' (grego archétypon) pode ser traduzida por "modelo", "padrão", ou "tipo primitivo". De acordo com Carl Jung, pai da Psicologia Analítica, os arquétipos "são as partes herdadas da psiquê", padrões de estruturação do que Jung denominou de inconsciente coletivo. Assim como temos uma herança biológica, também teríamos uma herança psíquica. Estruturas com as quais já nascemos. Cada nova geração assenta num novo tijolo neste muro psíquico.
    A serpente é um desses arquétipos que acompanham a humanidade desde os primórdios.
    Nas páginas das Escrituras, ela aparece pela primeira vez como aquela que tenta o primeiro casal, fazendo-os comer do fruto que Deus havia proibido. A partir deste episódio fatídico, a serpente passou a habitar no inconsciente coletivo da humanidade, alimentando-se do pó produzido pelo caminhar do homem, conforme Deus havia sentenciado.
    Com o passar do tempo, a serpente foi evoluindo. Conquanto tenha perdido a habilidade de andar, passando a rastejar, ela acabou por desenvolver a habilidade de voar. A serpente do Éden ganhou asas, deixando de ser um réptil rastejante, para ser um dragão alado. 

    Ou não é isso que lemos em Apocalipse?
    “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana a todo o mundo” (Ap.12:9).
    Pelo jeito, o diabo conseguiu dar um upgrade na imagem construída no imaginário popular. Mas não deixou de ser o enganador-mor, inspirador de toda dissensão entre os homens; aquele que entra sorrateiramente, sem ser percebido, e ali semeia a discórdia, o ódio, o ressentimento.
    O mesmo Deus que permitiu que a serpente se infiltrasse no Paraíso sem ser notada, também permitiu que ela criasse asas, tornando-se assim o príncipe das potestades do ar. Porém, suas asas são como as de Ícarus. Na medida em que tenta se elevar, elas vão derretendo, como asas de cera. O mesmo orgulho que o impulsiona para cima, torna maior o seu tombo. Por isso, ele é precipitado das alturas. Lá não é seu lugar. Todos quanto o seguirem, juntamente cairão.
    Embora dotado de asas, o pavão sabe como disfarçá-las. Sabe como entrar num ambiente sem chamar a atenção para si.
    Daí a preocupação de Paulo com os fiéis de Corinto:
    “Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. Pois se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa mente o suportais...” (2 Co.11:3-4).
    Como pessoas que experimentaram a graça de Deus podem dar ouvido a qualquer espírito? Deixam a simplicidade do genuíno Evangelho da Graça por aquilo que foi gerado em corações doentes, cheios de amargura, vaidade e ganância.
    Sem dúvida, o temor de Paulo era justificável. “E não é de admirar, pois o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transformem em ministros da justiça. O fim deles será conforme as suas obras” (vv.14-15).
    Tais obreiros fraudulentos não sabem o que estão entesourando para si. Veja a exortação que lhes é destinada: “Não te alegres, tu, toda a Filístia, por estar quebrada a vara que te feria; da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fruto será uma serpente venenosa e voadora” (Is.14:29). Os filisteus festejavam por terem se livrado do domínio de quem os conquistara. Mas não sabiam que estavam chocando ovos de serpente. O mesmo se deu com Israel quando apostatou-se. Isaías os denunciou: “Ninguém há que clame pela justiça; ninguém comparece em juízo pela verdade. Confiam na vaidade, e andam falando mentiras; concebem o mal, e produzem iniqüidade. Chocam ovos de basilisco, e tecem teias de aranha. Aquele que comer dos ovos deles morrerá, e se um dos ovos é quebrado, sai dele uma víbora” (Is.59:4-5).
    Deixe que a serpente exiba suas novas asas. Deixe que sua boca se encha de arrogância. Deixe que se gabe de suas conquistas. O Senhor a julgará!
    A mentira será revelada! O que estiver escondido virá à tona. Seus ovos eclodirão, e deles sairão seus filhotes que igualmente o trairão.
    É praticamente impossível caminhar pelos corredores do mundo cristão sem se deparar com tais serpentes. Elas estão por aí, em nossos púlpitos, exibindo credenciais pastorais e diplomas de doutorado em divindade. O temor de Paulo nos assombra.
    Como sobreviver às suas investidas? Como resistir ao seu encantamento? Como escapar de seu carisma e simpatia?
    Se voltarmos à simplicidade do Evangelho, seu veneno perderá sua nocividade.
    Paulo havia sobrevivido a um naufrágio, e estava aquecendo-se ao redor de uma fogueira juntamente com os demais sobreviventes e alguns nativos da Ilha onde encontraram socorro. De repente, uma serpente salta da fogueira e se lhe apega a mão. Os nativos sabiam que era uma espécie ultra-venenosa, e ficaram esperando pelo momento em que ele cairia morto. Paulo simplesmente sacudiu a serpente, devolvendo-a ao fogo. As horas se passaram, e ele sequer queixou-se de mal estar. Apesar de ter sido julgado mal, de ter sido acusado injustamente, Paulo não deu ouvidos a nada disso, e prosseguiu em seu caminho (At.28:1-5).
    Não se preocupe com o que digam a seu respeito. Não tente provar nada a ninguém. Sacode a serpente! Devolva-a ao fogo de onde saiu, e siga em frente. Só não vale prosseguir com a serpente apegada à sua mão.
    Jesus garantiu a Seus discípulos que eles segurariam em serpentes, e elas não lhes faria mal algum (Mc.16:18). Estamos vacinados contra o seu veneno. No final, a verdade sempre prevalece. Podemos segurar em serpentes, mas não deixar que elas nos segurem.
    Ele nos deu poder para pisarmos serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada, absolutamente nada nos fará dano algum (Lc.10:19).
    Na finalização de sua carta aos Romanos, Paulo os admoesta e lhes apresenta uma promessa:
    “Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes. Desviai-vos deles. Pois os tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao seu ventre. Com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos incautos (...) O Deus de paz esmagará em breve a Satanás debaixo dos vossos pés” (Rm.16:17-18,20a).
    Que assim seja!
    | Autor: Hermes C. Fernandes | re; andam errados desde que nascem, proferindo mentiras. Têm veneno semelhante ao veneno da serpente; são como a víbora surda, que tapa os ouvidos” (Sl.58:3-4). Não era em vão que Jesus se dirigia carinhosamente aos religiosos hipócritas de Sua época, chamando-os de “serpentes, raça de víboras!” (Mt.23:33).
    A figura da serpente habita o imaginário popular, deixando de ser apenas um réptil asqueroso e rastejante para tornar-se num poderoso arquétipo. A palavra 'arquétipo' (grego archétypon) pode ser traduzida por "modelo", "padrão", ou "tipo primitivo". De acordo com Carl Jung, pai da Psicologia Analítica, os arquétipos "são as partes herdadas da psiquê", padrões de estruturação do que Jung denominou de inconsciente coletivo. Assim como temos uma herança biológica, também teríamos uma herança psíquica. Estruturas com as quais já nascemos. Cada nova geração assenta num novo tijolo neste muro psíquico.
    A serpente é um desses arquétipos que acompanham a humanidade desde os primórdios.
    Nas páginas das Escrituras, ela aparece pela primeira vez como aquela que tenta o primeiro casal, fazendo-os comer do fruto que Deus havia proibido. A partir deste episódio fatídico, a serpente passou a habitar no inconsciente coletivo da humanidade, alimentando-se do pó produzido pelo caminhar do homem, conforme Deus havia sentenciado.
    Com o passar do tempo, a serpente foi evoluindo. Conquanto tenha perdido a habilidade de andar, passando a rastejar, ela acabou por desenvolver a habilidade de voar. A serpente do Éden ganhou asas, deixando de ser um réptil rastejante, para ser um dragão alado.
    Ou não é isso que lemos em Apocalipse?
    “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana a todo o mundo” (Ap.12:9).
    Pelo jeito, o diabo conseguiu dar um upgrade na imagem construída no imaginário popular. Mas não deixou de ser o enganador-mor, inspirador de toda dissensão entre os homens; aquele que entra sorrateiramente, sem ser percebido, e ali semeia a discórdia, o ódio, o ressentimento.
    O mesmo Deus que permitiu que a serpente se infiltrasse no Paraíso sem ser notada, também permitiu que ela criasse asas, tornando-se assim o príncipe das potestades do ar. Porém, suas asas são como as de Ícarus. Na medida em que tenta se elevar, elas vão derretendo, como asas de cera. O mesmo orgulho que o impulsiona para cima, torna maior o seu tombo. Por isso, ele é precipitado das alturas. Lá não é seu lugar. Todos quanto o seguirem, juntamente cairão.
    Embora dotado de asas, o pavão sabe como disfarçá-las. Sabe como entrar num ambiente sem chamar a atenção para si.
    Daí a preocupação de Paulo com os fiéis de Corinto:
    “Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. Pois se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa mente o suportais...” (2 Co.11:3-4).
    Como pessoas que experimentaram a graça de Deus podem dar ouvido a qualquer espírito? Deixam a simplicidade do genuíno Evangelho da Graça por aquilo que foi gerado em corações doentes, cheios de amargura, vaidade e ganância.
    Sem dúvida, o temor de Paulo era justificável. “E não é de admirar, pois o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transformem em ministros da justiça. O fim deles será conforme as suas obras” (vv.14-15).
    Tais obreiros fraudulentos não sabem o que estão entesourando para si. Veja a exortação que lhes é destinada: “Não te alegres, tu, toda a Filístia, por estar quebrada a vara que te feria; da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fruto será uma serpente venenosa e voadora” (Is.14:29). Os filisteus festejavam por terem se livrado do domínio de quem os conquistara. Mas não sabiam que estavam chocando ovos de serpente. O mesmo se deu com Israel quando apostatou-se. Isaías os denunciou: “Ninguém há que clame pela justiça; ninguém comparece em juízo pela verdade. Confiam na vaidade, e andam falando mentiras; concebem o mal, e produzem iniqüidade. Chocam ovos de basilisco, e tecem teias de aranha. Aquele que comer dos ovos deles morrerá, e se um dos ovos é quebrado, sai dele uma víbora” (Is.59:4-5).
    Deixe que a serpente exiba suas novas asas. Deixe que sua boca se encha de arrogância. Deixe que se gabe de suas conquistas. O Senhor a julgará!
    A mentira será revelada! O que estiver escondido virá à tona. Seus ovos eclodirão, e deles sairão seus filhotes que igualmente o trairão.
    É praticamente impossível caminhar pelos corredores do mundo cristão sem se deparar com tais serpentes. Elas estão por aí, em nossos púlpitos, exibindo credenciais pastorais e diplomas de doutorado em divindade. O temor de Paulo nos assombra.
    Como sobreviver às suas investidas? Como resistir ao seu encantamento? Como escapar de seu carisma e simpatia?
    Se voltarmos à simplicidade do Evangelho, seu veneno perderá sua nocividade.
    Paulo havia sobrevivido a um naufrágio, e estava aquecendo-se ao redor de uma fogueira juntamente com os demais sobreviventes e alguns nativos da Ilha onde encontraram socorro. De repente, uma serpente salta da fogueira e se lhe apega a mão. Os nativos sabiam que era uma espécie ultra-venenosa, e ficaram esperando pelo momento em que ele cairia morto. Paulo simplesmente sacudiu a serpente, devolvendo-a ao fogo. As horas se passaram, e ele sequer queixou-se de mal estar. Apesar de ter sido julgado mal, de ter sido acusado injustamente, Paulo não deu ouvidos a nada disso, e prosseguiu em seu caminho (At.28:1-5).
    Não se preocupe com o que digam a seu respeito. Não tente provar nada a ninguém. Sacode a serpente! Devolva-a ao fogo de onde saiu, e siga em frente. Só não vale prosseguir com a serpente apegada à sua mão.
    Jesus garantiu a Seus discípulos que eles segurariam em serpentes, e elas não lhes faria mal algum (Mc.16:18). Estamos vacinados contra o seu veneno. No final, a verdade sempre prevalece. Podemos segurar em serpentes, mas não deixar que elas nos segurem.
    Ele nos deu poder para pisarmos serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada, absolutamente nada nos fará dano algum (Lc.10:19).
    Na finalização de sua carta aos Romanos, Paulo os admoesta e lhes apresenta uma promessa:
    “Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes. Desviai-vos deles. Pois os tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao seu ventre. Com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos incautos (...) O Deus de paz esmagará em breve a Satanás debaixo dos vossos pés” (Rm.16:17-18,20a).
    Que assim seja!
    Credito Autor: Hermes C. Fernandes  Mídia Gospel