sexta-feira, 21 de junho de 2013

Inferioridade e Auto – Estima



Introdução

    Vez por outra, a visão errônea sobre nós impede que vivamos bem conosco, com os outros, com Deus e Sua igreja. O conceito que temos sobre o que somos, nossos pontos fortes e fracos, as habilidades e o valor que atribuímos a eles podem fazer toda a diferença para o viver em abundância que o evangelho nos propõe.

    Temos vivido tempos em que a imagem externa tem sido extremamente valorizada. Tempos em que somos frequentemente comparados com modelos superficiais. O número de academias de ginástica tem aumentado em função da procura, não apenas pelo interesse por uma qualidade de vida melhor, mas em busca de uma aparência que atenda ao padrão que a mídia tenta impor. A moda dita regras que tem a capacidade de direcionar nossos gostos e gastos. É comum ouvirmos pessoas que dependem da opinião alheia como ponto de referência do que é certo. Isso tudo tem um preço, que por vezes vai além do que podemos suportar. Quantas vezes nos vestimos ou usamos determinado acessório, não por gostarmos, mas apenas para estar na moda, ou agradar a outras pessoas! Poucos se interessam pelo que somos, mas pelo que ostentamos ou aparentamos ser ou ter. Aliás, há quem considere fraqueza ou ingenuidade pontos que sob o referencial bíblico são louváveis. Vamos avaliar e encontrar a resposta.

 I - Existe diferença entre autoconceito, auto-imagem e auto-estima?

    Todos temos um conceito próprio que pode coincidir com o que realmente somos ou não. Alguns nem percebem que tal conceito é puramente teatral, fruto de um personagem que personificamos e que não tem nada a ver com o que Deus projetou. Há pessoas que procuram demonstrar que são calmas, quando, na verdade são extremamente nervosas, mas tal atitude não se mantém por muito tempo. Cedo ou tarde a verdadeira personalidade é revelada.
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    Quando avaliamos nossa competência e relevância, e a influência que exercemos no meio em que vivemos, aí sim, estamos lidando com nossa auto-estima. Essa avaliação deve ser equilibrada e requer maturidade para alcançar resultados confiáveis. A hipervalorizarão ou hipo-valorização própria são sinais de instabilidade emocional e ou espiritual, além de provavelmente terem raízes mais profundas que pensamos.

II -  Auto-estima versus inferioridade

    Nunca seremos o tempo todo confiantes ou inseguros. No decorrer da vida, passaremos por alta auto-estima ou baixa auto-estima, provocados por nós mesmos, por outras pessoas ou por Satanás. Sentimentos como soberba, orgulho, vaidade, auto-desprezo, inferioridade, baixa auto-estima não estão em consonância com o que Deus orienta em Sua Palavra. Devemos estar atentos para não cairmos como o Rei Nabucodonozor, que iludido com seu pseudopoder desceu ao patamar de um animal, e nem pensarmos como Samuel que julgou que o filho de Jessé a ser ungido rei seria o mais forte, alto e bonito, pois Deus vê o coração.

III - Causas de inferioridade
Alguns fatores podem interferir em nossa auto-estima.

1. O relacionamento entre pais e filhos
Sabemos quanto é importante para o filho saber o que seus pais pensam dele. Sua auto-estima será diretamente proporcional, em grande parte, ao valor expresso por seus pais. Atitudes positivas como: elogios justificados, carinho, valorização, respeito e atenção vão gerar alta auto-estima; enquanto superproteção, frieza, distanciamento, cobranças além da capacidade do filho, certamente, provocarão sua baixa auto­estima.

2. Nossa história, carregada de experiências
Pessoas cujas histórias são marcadas pelo fracasso, tendem a desenvolver baixa auto­estima, falta de perspectiva quanto ao futuro, por só se avaliarem pelo pouco que deu certo.

3. Pecado
Culpa e remorso por contrariar os preceitos de Deus podem nos levar a uma autocrítica negativa e à decepção. Além disso, o fato de saber que desagradamos ao Pai nos deixa inseguros quanto à Sua aceitação, e nos vemos como pessoas indignas do perdão e do amor de Deus.

4. Alvos inacessíveis
Partindo de padrões irreais, podemos querer alcançar o que não temos estrutura ou meios, o que leva à frustração e sentimento de incapacidade e inferioridade ante os outros.


IV -  Implicações da inferioridade

Pessoas que sofrem de baixa auto-estima, que se sentem inferiores às outras, enfrentam problemas decorrentes da seguinte leitura de si próprios.

1. Dificuldade de relacionamento com Deus
Podemos nos sentir tão pequenos que achamos que nem mesmo Deus nos aceita e valoriza. Revoltamo-nos contra o que Ele não faz ou não muda, além de culpá-Lo pelo que somos. O amor eterno incondicional de Deus expresso em Jeremias 31:3 pode nos ajudar a que amemos a nós próprios e tenhamos um melhor relacionamento com o Senhor.

2. Dificuldade de relacionamento com os outros
Dá para imaginar quanto uma pessoa com baixa auto-estima pode tornar-se insuportável, rancorosa, amarga, reprimida e triste. O isolamento é uma consequência de tal comportamento. Muitas pessoas se utilizam dessa maneira de ser para chamar a atenção e manipular as pessoas; outras são incapazes de se sentirem amadas.

3. Dificuldade de relacionamento consigo mesmo
Muitas vezes a baixa auto-estima nos impede de ver quem e como realmente somos. Devemos sempre lembrar que, aos olhos do Pai, somos preciosos. Tanto que Ele deu Seu Filho para salvar-nos da perdição eterna. Ele também capacitou pessoas que podem nos ajudar quando atravessamos dificuldades. Pastores, conselheiros, psicólogos cristãos, irmãos em Cristo estão ao nosso alcance para obtermos ajuda, a fim de que tenhamos uma compreensão correta de quem somos e do que precisamos fazer para nos ajustar corretamente, de acordo com a Palavra de Deus.

V - Implicações da supervalorização, orgulho e soberba

“ A soberba precede a ruína" (Pv 16: 18). Esse sábio provérbio pode nos alertar quanto ao perigo de nos supervalorizar. Ter a consciência dos nossos talentos e reconhecermos o que fazemos bem não é soberba. Soberba é quando nos esquecemos que tudo o que somos e temos, devemos ao Senhor (Dt 8: I 1- 17 ; I Cr 29: 14; SI 24: I; 2Co 5: 18; Tg 4: 13-16), e esse pecado produz em nós a necessidade de louvor, reconhecimento e aplausos por parte dos outros.
A "queda" é uma das grandes consequências da arrogância. Conviver com uma pessoa que é simplesmente the best, "o máximo" também é muito difícil. Tais pessoas não dão oportunidade para outros; são críticas, superficiais e não reconhecem o valor dos demais.


VI - Alcançando a auto-estima adequada

Na Palavra de Deus, encontramos o padrão, os parâmetros para dirigir cada setor de nossa vida, inclusive a parte psicológica. Nossa comunhão com Deus pode proporcionar uma verdadeira terapia. Ele nos conhece melhor que todos. Podemos nos abrir em cristalina transparência, pedindo cura e perdão, bem como o retorno ao projeto original de Deus para nós. Deleitar-nos na Bíblia que nos oferece grandes desafios de beleza espiritual é agir com sabedoria, não obstante nosso exterior, bens ou status.



Precisamos redescobrir e pôr em prática orientações que encontramos na Palavra, como: perdão daqueles que provocaram a nossa baixa auto-estima. Por outro lado, não devemos culpar outros e abster-nos de responsabilidade, se a falha for nossa; é saudável resgatar dons, talentos e habilidades que de forma tão especial nos faz úteis na obra do Senhor. Ele nos deu esses dons e, como a própria Bíblia ensina, os que usarem bem seus talentos ganharão outros.


Conclusão
Deus tem uma maneira especial de ver Seus filhos. Mesmo que nós não nos valorizemos ou que outros não o façam, cada um de nós é precioso para o Senhor. Ele que nos criou, nos conhece e pode nos fazer desfrutar de um viver saudável, capaz de irradiar a Sua beleza. O pecado certamente interfere nesse processo. A soberba é pecado, mas ter auto-estima baixa é atitude contrária à de Deus. Devemos buscar equilíbrio e observar como temos tratado as pessoas e reconhecê-las como gostaríamos de ser tratados e reconhecidos.

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